A geóloga Alessandra Corsi, que trabalha no IPT desde 2004, explicou que ao chegar à área, é possível identificar uma escala de riscos, que varia de menor a muito alto. Segundo Corsi, a ocupação do solo influencia diretamente nos riscos de escorregamentos, já que as pessoas têm o costume de cortar a terra do morro para ocupar nas áreas planas, aumentando assim o perigo. No entanto, a remoção imediata das famílias em áreas de risco é uma decisão que cabe à Prefeitura.
Além disso, os geólogos também identificam diversos fatores de risco em uma área, como erosões, água acumulada, vazamentos nas tubulações, entre outros. A textura da terra também é levada em consideração, já que a umidade pode aumentar os riscos de movimentação do solo.
O morro do Itaquari é um exemplo desses problemas, onde áreas com indícios de deslizamento foram identificadas pelos geólogos. Um tronco de árvore torto, vegetação morta e rachaduras na terra são sinais visíveis destes riscos, que já resultaram em fatalidades, como o soterramento de uma casa e a morte de um bebê de três meses.
A Prefeitura de Itapevi contratou o IPT para mapear o morro do Itaquari e, posteriormente, pretende realizar obras de urbanização e contenção dos riscos na área. Itapevi faz parte de uma região conhecida como “mar de morros” e passou por um boom habitacional nas últimas décadas, com milhares de famílias pobres vivendo em áreas de risco.
Enquanto a enfermeira Manoela Santana e seu companheiro, o vendedor Caio Leite, construíram um sobrado no alto do morro, muitas outras famílias ocuparam lotes vazios, ignorando os riscos de deslizamento. A situação, para os geólogos, é preocupante, já que inúmeras famílias vivem em áreas de risco alto de deslizamento.
O trabalho dos geólogos do IPT não se restringe apenas à análise de riscos, mas também inclui a identificação de áreas que passaram do risco à tragédia, proporcionando suporte e informação para as equipes de resgate em casos de soterramentos e deslizamentos de terra.
Portanto, a atuação desses profissionais é essencial para identificar áreas de risco e prevenir tragédias com a população local, fornecendo subsídios para a elaboração de políticas públicas e planos de intervenção para reduzir os riscos de desastres naturais.