Influenciador Renato Cariani é alvo de operação da PF contra produção de drogas, segundo investigação.

Um dos maiores influenciadores digitais do Brasil, Renato Cariani, de 47 anos, está no centro de uma investigação da Polícia Federal que desvendou um suposto esquema de desvio de produtos químicos. O caso está sendo vinculado a uma rede criminosa de tráfico de drogas internacional e tem ligações com membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país.

De acordo com a investigação, Fábio Spinola Mota, apontado como membro do PCC, teria sido o elo que ligou Cariani à facção criminosa. Mota foi preso no início deste ano em outra operação da PF, a Operação Downfall, que investigou um esquema de tráfico internacional e interestadual de drogas, com diferentes ramificações pelo Brasil.

A operação da Polícia Federal, batizada de Hinsberg, foi desencadeada na última terça-feira (12) e teve como alvos, além de Cariani e Mota, também Roseli Dorth, sócia do influenciador em uma empresa para venda de produtos químicos, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., situada em Diadema.

A principal hipótese da polícia é que parte do material adquirido legalmente pela Anidrol era desviada para a produção de cocaína e crack. Para justificar a saída dos produtos, eram emitidas notas fiscais falsas e depósitos em nome de laranjas, usando indevidamente o nome da multinacional AstraZeneca.

Durante a investigação, foram desviadas aproximadamente 12 toneladas de produtos como acetona, éter etílico, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina, substâncias utilizadas para transformar a pasta base de cocaína em pó (cocaína) ou em pedras (crack).

“A gente não pegou a droga, porque essa informação só chegou para a gente em 2021. Então, os produtos já haviam sido desviados”, afirmou o delegado Fabrizio Galli, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF.

A estimativa da PF é que o esquema de desvios de produtos possa ter rendido ao grupo valores superiores a R$ 6 milhões. O influenciador e os demais suspeitos devem ser denunciados sob acusação de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico e lavagem de dinheiro, com penas que podem ultrapassar 35 anos de reclusão.

Diante de toda essa repercussão, Cariani se manifestou nas redes sociais afirmando estar tranquilo. Ele também destacou que a empresa possui mais de 40 anos de atuação e opera com todas as licenças necessárias.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, as investigações tiveram início após a Receita Federal detectar depósitos em dinheiro, no valor de R$ 212 mil, aparentemente feitos pela AstraZeneca. A empresa negou tal movimentação e também qualquer ligação com a empresa do influenciador.

A investigação tem abrangência no período de 2016 a 2020 e novas fases devem ser desencadeadas. Esta semana, a Operação Hinsberg trouxe à tona um escândalo que envolve não apenas o mundo virtual, mas também o mundo do crime e da investigação policial. As investigações devem seguir e novos desdobramentos são aguardados nos próximos dias.

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