Repórter São Paulo – SP – Brasil

Estudo aponta que quase 48 milhões de brasileiros estão sob vigilância de câmeras de reconhecimento facial

Um estudo realizado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) revelou que cerca de 47,6 milhões de brasileiros estão potencialmente sob vigilância de câmeras de reconhecimento facial em todo o país. Isso representa aproximadamente um quinto da população do Brasil.

De acordo com o levantamento, existem pelo menos 165 projetos de videomonitoramento com tecnologia de reconhecimento facial em todo o território nacional. A Região Sudeste é a que concentra o maior número de pessoas sujeitas a essa tecnologia, totalizando 21,7 milhões de indivíduos. Já no Nordeste, o número é de 14,1 milhões.

Um dado relevante apontado pelo estudo é que o estado da Bahia fez o maior investimento na ferramenta, totalizando R$ 728 milhões. Além disso, o estado de Goiás concentra o maior número de projetos ativos, com um total de 64, principalmente devido à execução da política pelos municípios.

A coordenadora do estudo, Thallita Lima, alertou para a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa e uma reflexão mais aprofundada sobre a eficácia da tecnologia de reconhecimento facial. Segundo ela, a tecnologia enfrenta desafios em relação à falhas no reconhecimento, o que pode resultar tanto na não identificação de suspeitos quanto no lançamento de suspeitas sobre pessoas inocentes.

Além disso, Thallita apontou que estudos indicam que as tecnologias de reconhecimento facial podem ser enviesadas e vulnerabilizar grupos minoritários, como pessoas negras, mulheres negras e pessoas não-binárias.

A pesquisadora levantou questionamentos sobre os altos gastos necessários para a implantação dessa tecnologia, especialmente em cidades pequenas que não enfrentam grandes problemas em relação à violência. Ela questionou se vale a pena investir em algo que, de acordo com os levantamentos, não tem se mostrado eficaz na melhoria da segurança pública e é consideravelmente dispendioso.

Diante desses resultados, fica evidente a necessidade urgente de um debate aprofundado sobre a regulamentação e o uso da tecnologia de reconhecimento facial no Brasil, levando em consideração não apenas a eficácia e segurança da ferramenta, mas também os custos e potenciais impactos negativos na sociedade.

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