Verão mais quente já registrado no Ártico alerta para impactos das mudanças climáticas no ecossistema polar em 2023.

O verão no Hemisfério Norte, que acontece entre julho e agosto, foi o mais quente já registrado no Ártico em 2023, com uma temperatura média de 6,4°C. Essa marca ficou meio grau acima do recorde anterior estabelecido em 2016, de acordo com o Relatório do Ártico da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, na sigla em inglês).

O relatório aponta que o Ártico vem passando por mudanças significativas em decorrência do aquecimento global causado pelas atividades humanas. O aumento das temperaturas têm impactado diretamente a região polar, levando a menos gelo marinho, mais chuvas e temperaturas mais quentes na superfície do mar.

Segundo o geocientista Paul Overduin, do Instituto Alfred Wegener Helmholtz para Pesquisa Polar e Marinha na Alemanha, “De forma alguma isso é normal”. Ele também ressaltou que o Ártico está perdendo seu inverno em algum momento no futuro, o que traz questionamentos sobre os impactos dessas mudanças.

A perda de gelo próximo à superfície no permafrost também tem desencadeado deslizamentos de terra e afundamentos que estão despejando material em rios, lagos e mares árticos, revela o relatório. “Há lugares onde você olha para a paisagem — o Arquipélago Ártico Canadense, por exemplo, ou também no oeste da Sibéria — onde parece que a superfície da Terra tem uma doença. Toda a paisagem está em movimento. Isso só nos últimos cinco anos”, disse Overduin.

O relatório da Noaa acompanha oito “sinais vitais” diferentes para a saúde do Ártico. Entre as principais descobertas deste ano, estão o sexto ano mais quente desde o início da série histórica em 1900, a diminuição da cobertura de gelo marinho, a elevação das temperaturas da superfície do mar e o aumento da quantidade de algas marinhas.

Além disso, as anomalias dentro das tendências de aquecimento a longo prazo, como as temperaturas frias do mar observadas em alguns locais, são o resultado inevitável da interação e mudança rápida de sistemas complexos.

O relatório também destaca o papel das comunidades indígenas na mitigação dos impactos prejudiciais das mudanças climáticas, bem como áreas onde mais pesquisas são urgentemente necessárias. Entre elas está o permafrost subaquático, que começou em terra, mas foi coberto pelo aumento do nível do mar cerca de 18 mil anos atrás, e possui muitas perguntas sem resposta.

O relatório reforça que o Ártico está passando por mudanças significativas devido ao impacto humano e as consequências dessas alterações já estão sendo observadas. A tendência predominante de um Ártico em aquecimento está contribuindo para eventos de “alto impacto”, como os incêndios florestais recordes, através de efeitos ambientais em cascata. A necessidade de mais estudos e pesquisas sobre o tema é urgente para compreender e mitigar os impactos das mudanças climáticas na região polar.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo