Rompimento da mina da Braskem ameaça a cultura e o sustento das comunidades do complexo lagunar Mundaú-Manguaba em Maceió

Complexo lagunar Mundaú-Manguaba sofre com ameaças ambientais e culturais

O complexo lagunar Mundaú-Manguaba está no centro da geografia, cultura, economia e história da região metropolitana de Maceió. Apesar de décadas de degradação e crescente poluição, milhares de pessoas ainda dependem dessas lagoas para seu sustento.

Além da importância econômica, as lagoas também são elementos fundamentais da cultura local. Elas compõem boa parte da identidade do estado e são o símbolo de Alagoas.

No entanto, o rompimento da mina 18 sob a lagoa Mundaú, no domingo (10), representa uma grave ameaça para a fauna local. Esse incidente tende a deixar as águas altamente salinizadas, colocando em risco espécies de animais que fazem parte do patrimônio imaterial do estado.

A importância do complexo lagunar é evidente, formado pelas grandes lagoas Mundaú e Manguaba, unidas por um estreito curso d’água. No meio desse rio que as une, há o encontro com o mar, o que mantém um equilíbrio controlado entre a água doce e a água salgada.

Um dos impactos mais evidentes dessa ameaça é a possível extinção do sururu, um molusco que é um patrimônio imaterial de Alagoas e um símbolo de Maceió. Antes abundante na região, o sururu agora está escasso e sua população foi drasticamente reduzida.

A Braskem, empresa responsável pela mina que rompeu, nega que sua atividade de mineração tenha relação com os problemas enfrentados na região. No entanto, diversos especialistas apontam que a mineração da empresa, baseada na extração de sal-gema, é um dos fatores que impactam diretamente a salinidade das lagoas, essencial para a existência do sururu.

Além da possível extinção do sururu, o processo de degradação do estuário também afeta outros peixes e mariscos, contribuindo para um desequilíbrio socioambiental grave.

A situação afeta não apenas o meio ambiente, mas também o aspecto cultural e econômico da região. O sururu era uma comida popular em Maceió, consumida em diversos pratos e presente em manifestações culturais, como canções e eventos locais. Hoje, o sururu é um alimento caro e escasso, tornando-se uma iguaria exclusiva para turistas.

O descaso e a negligência com o complexo lagunar Mundaú-Manguaba representam uma ameaça socioambiental e cultural para as populações locais. A poluição, a mineração e outras formas de degradação têm impactos devastadores, comprometendo não apenas a fauna e a flora, mas também a identidade e a história da região. Portanto, é essencial que medidas urgentes sejam tomadas para preservar e proteger esse importante ecossistema antes que seja tarde demais.

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