Deputado Mendonça Filho finaliza relatório sobre reforma do ensino médio com horas comuns menores do que propostas pelo MEC.

Mendonça Filho, deputado da União-PE, finalizou no último domingo (10) o relatório sobre o projeto de lei que propõe alterações na estrutura curricular do novo ensino médio. De acordo com o texto, a intenção é ampliar a carga-horária da parte comum, conhecida como Formação Geral Básica, mas permanecendo abaixo da proposta apresentada pelo governo Lula (PT). Segundo o novo relatório, em uma carga horária total de 3.000 horas ao longo dos três anos da etapa, 2.100 horas serão destinadas para a parte comum. Isso representa um aumento em relação à disposição atual, que estipula apenas 1.800 horas para as disciplinas tradicionais (como português e matemática), ficando o restante para os itinerários formativos, áreas de aprofundamento criadas na reforma do governo Michel Temer (MDB).

Apesar do aumento proposto, o texto de Mendonça Filho estabelece menos horas comuns do que o plano do MEC (Ministério da Educação), que defende 2.400 horas. O relatório também recua em outros pontos, não citando mais disciplinas obrigatórias, como faz o texto do governo Lula, e trazendo uma reorganização diferente dos itinerários.

O projeto do deputado, um substitutivo ao encaminhado pelo governo ao Congresso, pretende alterar a reforma do ensino médio, realizada em 2017, durante o governo Temer. A designação de Mendonça Filho como relator gerou desgaste por dificultar alterações mais profundas. Na avaliação do governo, o deputado busca preservar ao máximo o modelo estipulado em sua gestão.

No relatório, Mendonça Filho afirma que “eixos estruturantes da reforma do novo ensino médio precisam ser mantidos”. Segundo o deputado, existem desafios de implementação e questionamentos ao modelo atual, mas as falhas se devem a problemas na coordenação do MEC durante o governo Jair Bolsonaro e dificuldades na pandemia.

A reforma do ensino médio buscou a flexibilização do currículo, garantindo que todos os alunos tivessem acesso a uma parte curricular comum, vinculada à Base Nacional Comum Curricular. Outra parte foi destinada a linhas de aprofundamento, os itinerários formativos, que se tornaram alvo de críticas devido aos problemas na implementação do modelo.

Os críticos do modelo de itinerários da reforma consideram que ele é inviável devido à infraestrutura das escolas e redes públicas, incluindo falta de professores e formação adequada para o modelo. A proposta de Mendonça não agradou o governo. Em nota, o MEC criticou, alegando que o desenho curricular proposto pode fragmentar e ampliar as desigualdades na última etapa da educação básica.

A proposta do deputado também tira a obrigatoriedade do ensino de língua espanhola, defendida pelo texto do MEC, e coloca a oferta a critério das redes de ensino. Sobre os itinerários, o substitutivo prevê uma carga horária de 900 horas ao longo dos três anos, mantendo as atuais opções de currículo específico. O relatório também abre a possibilidade de que 300 horas das 2.100 destinadas à base comum sejam destinadas ao aprofundamento de conteúdos relacionados à formação técnica profissional oferecida.

O vaivém no ensino médio brasileiro demonstra a complexidade e a importância da reforma educacional para a sociedade como um todo. Diante das discordâncias entre o governo, parlamentares e demais atores envolvidos, cabe uma reflexão sobre a melhor forma de garantir a qualidade e a equidade da educação no país.

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