Orçamento para ensino superior e ciência cai R$117 bilhões em 10 anos, sendo metade do valor de 2014, indica pesquisa.

O investimento em ciência e ensino superior no Brasil sofreu uma drástica redução nos últimos anos, o que tem causado preocupação entre especialistas e entidades acadêmicas. Segundo levantamento feito pelo Observatório do Conhecimento, o orçamento federal destinado a essas áreas encolheu em R$ 117 bilhões na última década. Em 2014, as áreas de ciência e ensino superior tinham disponível um orçamento de R$ 38 bilhões, enquanto a previsão para 2024 é de apenas R$ 19,07 bilhões, o que representa metade do valor de uma década atrás.

Isso significa que, em termos corrigidos, as perdas entre 2015 e 2023 somam R$ 117 bilhões, o que significa que, se o orçamento de 2014 fosse repetido em 2024, seriam necessários mais R$ 86 bilhões para compensar essas perdas. Essa queda no investimento também vai contra a tendência internacional, uma vez que o investimento global em ciência e tecnologia aumentou cerca de 20% entre 2014 e 2018, segundo o Relatório de Ciência da UNESCO.

A redução orçamentária para as universidades federais tem sido um dos principais fatores que contribuíram para a queda no investimento em ciência e ensino superior. O governo federal prevê destinar R$ 6,85 bilhões para as 69 universidades federais em 2024, o que representa uma redução de R$ 900 milhões em relação a 2023 e menos da metade do valor disponível em 2014. Com mais de 70% dos alunos das universidades federais sendo de famílias com renda de até 1,5 salário mínimo, as instituições têm tido dificuldades em garantir a permanência desses estudantes até o fim do curso.

Além disso, a Capes, agência responsável pelo fomento da ciência no Brasil, também teve seu orçamento reduzido para o próximo ano, gerando preocupação entre pesquisadores e membros da comunidade acadêmica. Enquanto isso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação tem previsto um aumento no orçamento para 2024, o que representa uma recuperação mais expressiva em comparação com outras áreas.

Entidades científicas e acadêmicas argumentam que a recomposição das verbas para ciência e ensino superior é essencial para garantir a continuidade de pesquisas importantes para o futuro do país, como as relacionadas às mudanças climáticas. Apesar das promessas de retomada de investimentos feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o cenário de previsão orçamentária menor para as áreas em 2024 tem gerado preocupação e a necessidade de um esforço urgente para a recuperação do setor.

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