Advogadas negras fazem sustentação oral histórica no STF em julgamento sobre racismo estrutural no Brasil

O recente julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) tem trazido à tona discussões importantes e impactantes sobre o racismo estrutural e a violação sistemática de direitos da população negra no Brasil. Em um dia histórico, advogadas e advogados negros compartilharam relatos contundentes, que chamaram a atenção para a necessidade de reconhecer e combater a discriminação racial existente no país.

Em um plenário esvaziado, o discurso da advogada pública Claudia Aparecida de Souza Trindade trouxe à tona o seu caminho pessoal, que começou como operária em uma fábrica até se tornar a primeira integrante de sua família a cursar o ensino superior. Com referências ao rapper Emicida, conhecido por sua luta contra o racismo, Claudia destacou o significado de sua presença na tribuna do STF e a importância da educação em sua trajetória de superação.

Além de Claudia, a advogada pública Alessandra Lopes da Silva Pereira também teve a oportunidade de compartilhar sua história e vivências no julgamento do STF. Primeira da família a se formar na universidade, Alessandra falou sobre a importância do Direito como instrumento para combater injustiças, afirmando que a participação no julgamento sobre o racismo estrutural representa uma realização para ela.

O julgamento também marcou a atuação do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que abriu mão de fazer a sustentação oral para dar lugar a advogadas negras, em um gesto simbólico que demonstrou a mudança de posicionamento da União em relação à ação. A presença e o apoio de Messias foram visivelmente notados durante os discursos das advogadas.

A questão em julgamento vai além do reconhecimento do racismo estrutural, englobando também a proposta de um plano de ação com políticas públicas efetivas em favor do povo negro. É uma oportunidade para o Estado brasileiro saldar uma dívida histórica com a população negra e caminhar em direção a uma sociedade livre de preconceitos. A importância e o simbolismo desse julgamento foram destacados pelas advogadas, que enxergam nele um passo importante para a mudança e para a promoção da igualdade no país.

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