A surpresa da peça durante um dia normal de aula tem sido essencial para alcançar o máximo de crianças, visto que muitas vítimas talvez não comparecessem se soubessem do tema antecipadamente. A apresentação tem impactado significativamente os alunos, que se identificam com a mensagem e a abordagem, mostrando que a arte tem se mostrado uma ferramenta poderosa para que as crianças expressem suas dores e experiências de abuso.
De acordo com a juíza Hertha Helena Rollemberg Padilha de Oliveira, funcionária pública há 33 anos e voluntária na ação, desde que o projeto foi criado em 2016, as escolas receberam 620 denúncias de agressão contra crianças e adolescentes, incluindo abuso físico, psicológico, bullying, violência doméstica, sentimentos negativos e depressivos, e 226 casos de abuso sexual.
O impacto das apresentações é tão significativo que imediatamente após as peças, as denúncias começam a surgir e alguns alunos procuram os professores semanas depois, evidenciando a necessidade de um acompanhamento e capacitação adequados para os docentes.
Além da peça, os alunos assistem a uma palestra e recebem uma cartilha que explica como identificar um abusador e a quem recorrer em caso de perigo. Em algumas cidades, como Jundiaí, há acompanhamento contínuo com psicólogos, atividades esportivas e culturais, visando acompanhar as crianças desde a revelação da violência até que estejam prontas para seguir em frente.
A rede de apoio mobiliza-se na escola no dia da apresentação, oferecendo suporte para lidar com diferentes tipos de violência de forma adequada, já que a maior parte dos abusos é cometida dentro de casa por familiares ou conhecidos.
O projeto não apenas busca conscientizar sobre a importância de proteger os direitos das crianças e prevenir o abuso sexual desde cedo, mas também serve como um chamado à sociedade para trabalhar em conjunto na proteção das crianças. Para denunciar casos de violência, o projeto disponibiliza canais como o Disque 100 e o aplicativo Direitos Humanos Brasil, além de um número de WhatsApp específico.
