Deputado federal prioriza cidade da ex-namorada na distribuição de emendas parlamentares, enviando R$ 58,4 milhões nos últimos quatro anos.

O deputado federal André Janones (Avante-MG) tem direcionado a maior parte de suas emendas parlamentares para a cidade de Ituiutaba (MG), administrada por sua ex-namorada e ex-assessora Leandra Guedes. Nos últimos quatro anos, Janones destinou um total de R$ 58,4 milhões em recursos federais para o município, o que equivale a 76,1% de todas as emendas indicadas por ele no período.

Essa concentração de verbas em um único município está gerando polêmica, especialmente em meio a investigações sobre um suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do deputado em Brasília, no qual a prefeita Leandra atuava como sua assessora. A acusação é de que Janones estaria cobrando a devolução de parte dos salários de outros assessores para cobrir suas despesas, com Leandra agindo como a operadora do esquema. Apesar das negativas por parte dos acusados, um áudio vazado mostra o parlamentar mencionando que alguns assessores receberiam valores a mais para ajudar na recuperação de seu patrimônio.

Além disso, a distribuição desigual de emendas parlamentares vai contra a proposta constitucional de utilizá-las para a redução de desigualdades regionais e combate às disparidades sociais. Nesse sentido, a maior parte das verbas destinadas por Janones para Ituiutaba, cidade com 102 mil habitantes, foi repassada por meio da Emenda Pix, um mecanismo sem transparência nem fiscalização, que é criticado pelo próprio deputado.

Esse direcionamento de recursos permitiu que a cidade se tornasse a que mais recebeu verba de Emenda Pix em toda a região, mesmo que sem critérios claros de distribuição. Como resultado, Ituiutaba recebeu quase quatro vezes mais verbas do que Belo Horizonte e 16 outros municípios mineiros não receberam nada.

As críticas se estendem ao fato de que a Prefeitura de Ituiutaba não prestou contas ao governo federal sobre o uso dessas emendas, justificando que os recursos ainda estão em execução. No entanto, especialistas apontam que a plataforma federal permite apresentar um plano de gastos e prestação de contas parcial, o que deveria ter sido feito.

Além das questões ligadas às verbas de Emenda Pix, o próprio Janones indicou R$ 1,7 milhão por meio do chamado orçamento secreto, considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Essa prática vai de encontro aos problemas urgentes enfrentados por municípios mineiros, como questões ambientais, de saúde e educação.

Todas essas questões levantam dúvidas a respeito do real motivo pelo qual o deputado tem priorizado a destinação de recursos para a prefeitura da sua ex-namorada durante seu mandato. Com uma forte presença nas redes sociais e uma grande influência na gestão municipal, Janones precisa lidar com essas polêmicas em meio à sua atuação política.

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