O fim do Minhocão: reflexões sobre o futuro das cidades e os marcos urbanísticos brasileiros

No dia 15 de junho de 1972, o arquiteto Charles Jenks declarou o fim da arquitetura modernista, marcando o momento da implosão do infame conjunto habitacional de Pruitt-Igoe, projetado por Minoru Yamasaki, em St. Louis, nos EUA. Este evento foi considerado o marco do fim da era modernista na arquitetura.

Na mesma época, no Brasil, o país estava imerso no planejamento e construção de cidades voltadas para o uso de automóveis. Em São Paulo, na década de 1970, o elevado conhecido como Minhocão foi construído, e os conjuntos habitacionais de Cidade Tiradentes também começaram a ser erguidos, situados a uma distância de 35 km do centro da cidade.

Atualmente, em meio a um mundo que debate sobre fontes renováveis, transporte coletivo e mobilidade ativa, o Brasil reflete avanços e retrocessos em relação à visão das cidades. Nesse contexto, a demolição do elevado da Perimetral, no Rio de Janeiro, entre o final de 2013 e o início de 2014, completou 10 anos e se destacou como um marco urbanístico do país.

A demolição da Perimetral foi impulsionada pela conjunção de diferentes circunstâncias, como a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, o apoio financeiro e político, resultando em uma série de transformações na cidade do Rio de Janeiro. A remoção do viaduto possibilitou a criação de oportunidades de requalificação para o centro da cidade, conectando a praça Mauá a vários pontos turísticos e pontos históricos da capital.

Apesar das controvérsias, a demolição do elevado representou um marco na renovação urbana do Rio de Janeiro, trazendo inúmeras vantagens, como a requalificação de espaços públicos, a revitalização do porto, a criação de um novo layout e a visibilidade de patrimônios culturais.

Além disso, a demolição da Perimetral evidenciou que viadutos podem ser removidos sem implicar no fim das cidades, mas sim marcando o início de novas possibilidades econômicas e sociais. Este fenômeno já ocorreu em cidades como Portland, São Francisco, Boston e na Coreia do Sul, com o Cheonggyecheon, demonstrando os benefícios e possibilidades que a remoção de estruturas viárias obsoletas pode oferecer.

Portanto, a demolição do elevado da Perimetral no Rio de Janeiro serve como inspiração para repensar o planejamento urbano, evidenciando que, se bem planejado, o fim de viadutos pode promover o surgimento de novas oportunidades e melhorias nas cidades. A situação do Minhocão em São Paulo é um exemplo claro da necessidade de discutir alternativas inteligentes e corajosas para a requalificação e reocupação eficiente dos espaços urbanos.

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