No entanto, o resultado dessa transição não foi tão positivo quanto se esperava, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2022, da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A pesquisa apontou que muitos alunos tiveram problemas no aprendizado devido à distração durante o uso dos dispositivos digitais, observando colegas ou até mesmo demorando para compreender as explicações dos professores.
Entretanto, o estudo revelou que os alunos que fizeram um uso moderado dos aparelhos digitais, com intenção pedagógica e sem se distrair com jogos ou redes sociais, obtiveram melhores resultados. Em média nos países da OCDE, os alunos que passaram até uma hora por dia em dispositivos digitais tiveram uma pontuação 24 pontos mais alta em matemática do que os alunos que não utilizaram tais aparelhos.
Fabio Senne, coordenador de pesquisas TIC no Comitê Gestor da Internet no Brasil, ressaltou a importância do uso qualificado dos dispositivos digitais na educação. Ele destacou a associação do uso excessivo de tecnologia com pior desempenho, mas também o fato de que o uso moderado pode contribuir positivamente para o aprendizado dos alunos.
Com o retorno das aulas presenciais, os celulares passaram a fazer parte do cotidiano das crianças, criando um novo desafio para as escolas. O relatório do Pisa apontou que as instituições que não estabeleceram regras claras para o uso dos aparelhos digitais tiveram mais dificuldade para controlar os alunos e manter o rendimento das aulas.
No Brasil, a pesquisa revelou que 45% dos estudantes se distraíam usando dispositivos digitais durante as aulas, o que indica a necessidade de um equilíbrio entre o uso dos aparelhos para atividades educacionais e a prevenção da distração dos alunos. Além disso, a questão da exclusão digital também foi levantada, devido à precariedade da conectividade em algumas escolas e à falta de recursos para que todos os alunos tenham acesso aos dispositivos necessários.
Diante disso, a utilização dos dispositivos digitais na educação exige uma reflexão sobre como incorporar a tecnologia de forma positiva no aprendizado, evitando o uso excessivo e direcionando as atividades de forma específica. É necessário também abordar a questão da exclusão digital, garantindo que todos os alunos tenham acesso a recursos tecnológicos e uma conectividade adequada para o desenvolvimento educacional.
