Presença sem precedentes de representantes da indústria do petróleo na COP-28 preocupa ambientalistas e sociedade civil.

A Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-28), sediada nos Emirados Árabes Unidos, recebeu um número recorde de participantes associados à indústria de combustíveis fósseis, segundo uma análise da coalizão Kick Big Polluters Out (KBPO). De acordo com a análise, o número de representantes ligados a empresas de petróleo é sete vezes maior do que o total de representantes indígenas na conferência.

A KBPO é uma rede que reúne 450 grupos da sociedade civil e tem como objetivo reduzir a influência de grandes poluidores no debate climático. Segundo a entidade, a análise leva em consideração as informações fornecidas pelos próprios participantes no cadastro da conferência, classificando aqueles que declararam vínculos com empresas de combustíveis fósseis ou organizações diretamente associadas a elas como lobistas de combustíveis.

Nesta quarta-feira, os debates da COP-28 foram focados nos povos indígenas. A ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara, que lidera a delegação brasileira na conferência, evitou criticar o grande número de representantes das empresas de petróleo em comparação com os membros do movimento indígena. De acordo com Sônia, a delegação brasileira reúne mais de 300 indígenas de todas as regiões do mundo, apesar de ser um número pequeno em comparação à população indígena global.

A análise da KBPO também revelou que a participação das empresas de petróleo na COP-28 supera a de quase todos os países participantes, com exceção do Brasil e dos Emirados Árabes Unidos, os anfitriões, que têm o maior número de integrantes. Além disso, os participantes ligados à indústria de combustíveis fósseis receberam mais passes para eventos restritos do que as nações mais vulneráveis em termos climáticos.

A presidência da COP-28, ocupada por Sultan Ahmed al-Jaber, presidente da gigante petrolífera Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (ADNOC), também levantou suspeitas dentro da comunidade ambiental. A escolha do representante de uma grande empresa de petróleo para presidir a conferência aumentou a desconfiança sobre a influência do setor no evento.

O número de participações ligadas às empresas de petróleo nas COPs tem aumentado significativamente ao longo dos anos, indo de 503 em 2021 para 636 em 2022. A presença sem precedentes de representantes da indústria de combustíveis fósseis levanta preocupações sobre o impacto e influência do setor nas decisões e acordos relacionados ao combate às mudanças climáticas.

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