Pesquisadores do Butantan desenvolvem vacina inovadora contra o Zika, com expectativa de eficácia e segurança exemplares.

O Instituto Butantan realizou uma pesquisa que resultou na criação de VLPs (Virus-like particles) para a vacina do Zika. Ao contrário das vacinas inativadas ou atenuadas, as VLPs não utilizam o vírus inteiro e não contêm material genético viral, apenas fragmentos de proteínas. Elas se agrupam e formam uma partícula semelhante ao vírus, ativando a resposta imune do organismo.

De acordo com a diretora do Laboratório de Biotecnologia Viral do Butantan, Soraia Jorge, as VLPs conseguem induzir alta resposta celular, pois entram nas células como os vírus, mas são incapazes de se replicar e causar doença. Isso torna essas partículas seguras para serem utilizadas em vacinas. As VLPs de Zika foram produzidas em células de inseto, utilizando um baculovírus recombinante que carrega informações genéticas do Zika, que não infecta humanos. Isso permitiu a separação das VLPs purificadas.

Atualmente, as VLPs estão prontas para serem testadas em animais para avaliar a segurança e imunogenicidade. Testes pré-clínicos realizados em outros países demonstraram que partículas semelhantes ao Zika são imunogênicas, o que aumenta a expectativa de resultados positivos nos testes realizados.

Além disso, a plataforma estudada há décadas pode ser aplicada no desenvolvimento de outras vacinas, como para a febre amarela e dengue, utilizando o mesmo sistema de células de inseto. A pesquisadora Soraia destaca que há estrutura e conhecimento para a aplicação deste método em outros arbovírus.

O Zika é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue, chikungunya e febre amarela. As complicações associadas à doença incluem microcefalia, outras malformações em bebês e a síndrome de Guillain-Barré em adultos. O diagnóstico da doença é desafiador, pois a maioria das pessoas não apresenta sintomas, e nos casos sintomáticos, os sintomas são comuns a outras arboviroses, sendo necessários testes laboratoriais para o diagnóstico definitivo.

A criação das VLPs para a vacina do Zika é considerada de extrema importância e uma prioridade de saúde pública, especialmente para aqueles que apresentam alto risco de sofrer os efeitos da infecção pelo Zika, como indivíduos imunocomprometidos e mulheres grávidas. O desenvolvimento de uma plataforma de vacinas considerada segura é essencial para o combate a essa doença.

Essa descoberta é de suma importância para a saúde pública, pois pode ajudar a prevenir complicações graves associadas ao Zika. O Instituto Butantan se destaca mais uma vez como um importante centro de pesquisa e desenvolvimento de vacinas, contribuindo significativamente para a saúde da população.