Estudo revela que os níveis atuais de CO2 na atmosfera são os mais altos em 14 milhões de anos, alertando para clima desconhecido para a humanidade.

Um amplo estudo divulgado nesta quinta-feira revelou que os níveis atuais de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera são os mais altos registrados na Terra em 14 milhões de anos. Publicado na revista Science, o estudo rastreia os níveis de CO2 desde 66 milhões de anos antes de Cristo até a atualidade, com uma precisão sem precedentes.

Segundo a principal autora do estudo, Baerbel Hoenisch, pesquisadora da Universidade Columbia, em Nova York, este é um fato insólito na história da Terra. A última vez que a atmosfera do planeta conteve a mesma concentração do principal gás de efeito estufa (CO2) que hoje, cerca de 420 ppm (partes por milhão), foi entre 14 milhões e 16 milhões de anos atrás, quando não havia cobertura de gelo na Groenlândia, muito mais tempo do que os cientistas estimaram anteriormente (entre 3 milhões e 5 milhões de anos atrás).

Nossa civilização está acostumada ao nível do mar atual, aos trópicos quentes, aos polos frios e às regiões temperadas, que se beneficiam de muitas chuvas. Mas, conforme destaca Baerbel Hoenisch, nossa espécie “começou a evoluir há apenas três milhões de anos” e “nunca experimentamos nada similar a este clima quente”.

As atividades humanas elevaram a concentração de CO2 na atmosfera de cerca de 280 ppm para os atuais 420 ppm, o que provocou um aumento das temperaturas de cerca de 1,2°C. E se as emissões continuarem, a concentração pode aumentar até 600 ou 800 ppm, taxas alcançadas durante o Eoceno, entre 30 milhões e 40 milhões de anos atrás, quando a Antártida estava coberta de gelo e a vida silvestre e a flora do planeta eram muito diferentes.

O estudo foi resultado de sete anos de trabalho de um grupo de 80 pesquisadores de 16 países, e suas conclusões são consideradas um consenso científico. Para reconstruir os climas passados, os pesquisadores utilizaram técnicas como a recuperação de bolhas de ar da atmosfera em épocas mais remotas, o estudo químico de folhas antigas, minerais e plâncton para reduzir a concentração de CO2 em épocas mais distantes.

A concentração de CO2 de 420 ppm na atmosfera pode provocar efeitos cascata, como o derretimento do gelo polar e mudanças maciças nos ecossistemas. O estudo alerta que, a menos que a captura do dióxido de carbono da atmosfera e a interrupção das emissões sejam feitas o mais rapidamente possível, ficaremos nessa situação por muito tempo.

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