ANP realiza 4º Ciclo de Oferta Permanente de Concessão de blocos petrolíferos sob críticas por impacto socioambiental.

A polêmica envolvendo a realização do 4º Ciclo de Oferta Permanente de Concessão de blocos petrolíferos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) tem gerado intensos debates. O leilão, marcado para o dia 13, tem sido alvo de críticas por parte do Instituto Arayara, uma organização não governamental que se dedica à defesa do uso sustentável dos recursos naturais.

De acordo com um estudo divulgado pelo Instituto, mais de 600 blocos ofertados na rodada apresentam potenciais ameaças socioambientais. Um dos pontos de destaque é que 23 blocos estão sobrepostos a 15 unidades de conservação. Além disso, o estudo ressalta que 11 blocos estão sobrepostos aos montes submarinos das cadeias oceânicas de Fernando de Noronha e Norte Brasileira, que apresentam ecossistemas de recifes de corais com grande biodiversidade. Esta situação levanta preocupações quanto ao impacto da exploração e produção petrolíferas nessas regiões.

Outro aspecto alarmante apontado pelo estudo é a ameaça a 23 terras indígenas e cinco territórios quilombolas, onde vivem milhares de pessoas. O Instituto Arayara destaca que, até o momento, nenhuma dessas comunidades foi consultada sobre os possíveis impactos da exploração de petróleo em suas regiões.

Além disso, há também riscos geológicos associados à exploração de alguns blocos em regiões específicas, como no litoral de Alagoas, onde há proximidade com a mina de sal-gema da Braskem, que está provocando afundamento do solo. O Instituto alerta para a necessidade de estudos e consultas adicionais nessas áreas.

Frente a essas preocupações, a ANP informou que seu diretor-geral se reuniu com representantes do Instituto Arayara, porém, o estudo não teria sido entregue à agência. A ANP ressaltou que quaisquer estudos encaminhados formalmente pelo Instituto serão analisados e que o planejamento de outorga das áreas levará em conta conclusões de estudos multidisciplinares de avaliações ambientais.

Por meio de nota, a ANP reforçou que as avaliações sobre possíveis restrições ambientais serão sustentadas por manifestação conjunta do Ministério de Minas e Energia (MME) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e que os órgãos ambientais se manifestarão oportunamente antes da inclusão das áreas no edital. A realização do leilão certamente continuará a gerar debates e discussões sobre a importância de conciliar a exploração de recursos naturais com a preservação ambiental e a proteção das comunidades tradicionais.

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