Polícia Federal intercepta conversas entre traficantes brasileiros e grupo de maior traficante de armas da América do Sul.

A Polícia Federal (PF) teve acesso a conversas entre um homem apontado como líder do Comando Vermelho (CV), no Rio de Janeiro, e pessoas ligadas ao grupo de Diego Hernan Dírisio, considerado um dos maiores traficantes de armas da América do Sul. Segundo informações de um relatório da operação Dakovo, os investigadores mostraram como intermediadores negociavam armas com traficantes, entre eles Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor e apontado como uma das lideranças do CV.

Dírisio e Gregório são alvos de mandado de prisão na investigação que supostamente importou cerca de 43 mil armas para o Paraguai e movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão em três anos. O líder do Comando Vermelho aparece em conversas com Angel Flecha, apontado como um dos principais negociadores de armas com a IAS-PY, empresa de Dírisio que importava os armamentos, e um dos responsáveis por negociar com facções brasileiras.

Em uma das conversas, o traficante brasileiro reclama da arma ofertada e diz que elas não são mais usadas no Rio de Janeiro porque são de calibre “fraco”. Em outro diálogo, Gregório reclama com o intermediário de Dírisio que a coronha dos fuzis entregues não estaria funcionando de forma adequada.

Em uma decisão que autorizou a prisão dos traficantes, foi revelado que Allan Rocha (Bolt), considerado homem de confiança do líder do CV, foi para o Paraguai se encontrar com Angel Flecha e outra pessoa também chamada de Alemão, para buscar as armas e introduzi-las em território brasileiro. Ao chegar à fronteira, Bolt ativou um novo chip no celular e enviou mensagens para seu chefe.

As investigações também revelaram que as armas eram importadas de países como a Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia, e depois de chegarem ao Paraguai, eram raspadas e repassadas a grupos intermediários na fronteira, como o de Angel Flecha, que então as revendiam às principais facções criminosas do Brasil. As investigações tiveram início em 2020, na Delegacia de Polícia em Vitória da Conquista, na Bahia, quando dois indivíduos foram presos em flagrante com 23 pistolas de origem croata e dois fuzis com indícios de adulteração, além de munições e carregadores.

A PF ainda não se pronunciou oficialmente sobre o andamento das investigações, mas especialistas afirmam que a descoberta dessas conversas pode ser um passo importante para desarticular esse esquema de tráfico internacional de armas, que está abastecendo grupos criminosos no Brasil. Ainda não houve resposta das defesas dos alvos da investigação, mas a continuidade das diligências pode revelar mais detalhes sobre o funcionamento desse esquema e as pessoas envolvidas.

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