Concorrência para ingresso em cursos de medicina cai pela metade no Brasil em oito anos, aponta estudo da Faculdade de Medicina da USP.

O ingresso em cursos de medicina no Brasil registrou uma significativa queda na concorrência entre os anos de 2014 e 2022. De acordo com o estudo Demografia Médica no Brasil, conduzido pela Faculdade de Medicina da USP, a relação de candidatos por vaga diminuiu de 46,5 para 20,4 nesse período. A principal causa dessa redução é a expansão do número de vagas por ano, que registrou um crescimento de 105,3% durante os oito anos analisados.

Em 2014, mais de 1 milhão e 64 mil candidatos disputavam cerca de 23 mil oportunidades em instituições de todo o país. Já em 2022, pouco mais de 963 mil pessoas concorriam a aproximadamente 47 mil posições, o que representou uma queda de 9,4% no número de postulantes e um aumento de 105,3% no número de vagas disponíveis.

A maioria das novas vagas criadas veio de instituições privadas, e o governo federal lançou um edital de autorização de funcionamento de cursos privados de medicina, com previsão de abertura de até 5.700 postos. Isso permitirá que mantenedoras de instituições educacionais particulares apresentem projetos de instalação de novos cursos em regiões pré-selecionadas de 23 estados.

Entretanto, o professor da Faculdade de Medicina, Mario Scheffer, alerta os estudantes para serem mais desconfiados em relação à expansão das faculdades privadas de medicina. Segundo ele, muitas dessas instituições estão mais preocupadas com o lucro do que com a qualidade do ensino, o que pode ser prejudicial para os futuros profissionais da área.

Outro ponto destacado pelo estudo é a desigualdade na distribuição dos inscritos e das vagas pelo território nacional. A concentração de estudantes e matrículas em cursos de medicina é maior nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná, que representaram 56,6% do total de estudantes em 2022, com 55,3% das matrículas disponíveis.

Além disso, a relação candidato/vaga varia conforme a natureza pública ou privada das escolas médicas. Enquanto as públicas registraram uma diminuição de 10,7% na concorrência em oito anos, as unidades privadas tiveram uma queda ainda mais significativa, passando de 31,9 candidatos por vaga em 2014 para 8,9 em 2022.

Esses dados indicam uma mudança significativa na dinâmica de ingresso nos cursos de medicina no país, com um maior número de vagas disponíveis e uma menor concorrência por parte dos candidatos. No entanto, é importante manter um olhar crítico sobre a qualidade do ensino oferecida pelas instituições, especialmente as privadas, de forma a garantir uma formação adequada para os futuros profissionais da área da saúde.

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