Ministro da Educação cogita proibir licenciaturas 100% EaD e planeja mudanças na formação de professores, revela Pisa 2022.

Ministro da Educação defende mudanças nos cursos de formação de professores durante apresentação dos resultados do Pisa

Durante a apresentação dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2022 nesta terça-feira (5), o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a preocupação do governo federal com a formação dos professores brasileiros. Santana afirmou que o ministério está considerando proibir que cursos de licenciatura tenham 100% da carga horária na modalidade de ensino à distância (EaD) e planeja outras mudanças nos cursos de formação de professores online.

Para o ministro, o momento é de avaliação dos cursos de licenciatura não presenciais, e o objetivo é definir a porcentagem da carga horária que pode ser realizada na modalidade EaD. “A ideia do ministério é não permitir mais cursos sempre EAD. Então, vamos definir se vão ser 50%, 30% [da carga horária]”, afirmou Camilo Santana.

A apresentação dos resultados do Pisa mostrou que menos de 50% dos alunos brasileiros sabem o básico em matemática e ciências, revelando um cenário preocupante em relação à qualidade educacional no país. Nesta edição do Pisa, foram avaliadas as respostas de estudantes de 15 anos de 81 países a questões de matemática, leitura e ciências, além de indicadores contextuais relacionados aos impactos da pandemia de covid-19 na educação, relação da família com os alunos, professores e estudantes, e violências nas escolas.

O do Brasil foi responsável por aplicar o Pisa a cerca de 10 mil alunos e, segundo o ministro, o programa é uma ferramenta importante para orientar as decisões políticas em relação à educação. Santana destacou que o papel do MEC é coordenar o processo e garantir a qualidade da educação das crianças e jovens brasileiros.

O Pisa 2022 apontou que 73% dos estudantes brasileiros avaliados na faixa etária de 15 anos tiveram desempenho abaixo do básico em matemática. O Brasil caiu 5% em matemática em relação ao Pisa de 2018, e ficou no intervalo entre a 62ª e 68º posição no ranking da OCDE. De forma global, os países da OCDE registraram, em média, uma queda de 17% em matemática, entre 2018 e 2022.

Diante desse cenário, Santana reconheceu que melhorar a educação em matemática é um grande desafio e destacou a importância do compromisso de ter as crianças alfabetizadas na idade certa. O ministro apresentou uma série de estratégias que estão sendo adotadas pelo governo federal para melhorar a educação brasileira, como o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, escolas em tempo integral, conectividade com fins pedagógicos em todas as escolas da educação básica, qualidade da formação de professores, redução da repetência do ano letivo dos estudantes do ensino médio e a permanência de estudantes em escolas.

Além disso, o ministro informou que o MEC tem discutido com o Conselho Nacional de Educação (CNE) alterações na formação continuada dos docentes e outras mudanças nas diretrizes curriculares nacionais dos cursos de licenciatura. Ele também planeja que a próxima edição do Pisa, em 2025, avalie o desempenho educacional em cada estado e não somente nas cinco regiões do país, buscando reduzir as desigualdades regionais e promover estratégias mais pontuais para melhoria da área em cada unidade da federação.

Santana chamou atenção para a reestruturação do ensino médio, ressaltando a importância de reforçar as disciplinas básicas, como matemática e português. Ele espera que a reestruturação não seja politizada e destacou que o projeto é resultado de um amplo diálogo com representantes da sociedade, incluindo professores e estudantes.

Em relação à segurança dos professores, o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, destacou a importância da valorização da profissão e salientou que aumentar os salários dos professores seria uma decisão bem-vinda. Diante do desafio da formação de professores, que foi destacado pelo secretário-geral, Santana afirmou que o MEC está comprometido em buscar a valorização e melhoria das condições de trabalho dos educadores, visando promover uma educação de qualidade no Brasil.

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