No entanto, ele ressalta que o apoio à cultura nas periferias deve ir além dos equipamentos físicos. Apesar deles qualificarem a difusão e produção artísticas, a cultura nas periferias acontece principalmente em espaços públicos como ruas, praças, centros comunitários, campos de futebol, prédios públicos ociosos ou bares. Exemplos disso são o Sarau da Cooperifa e os slams, que adotam a ocupação de espaços públicos como estratégia.
Diante desse cenário dinâmico, a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo criou há 20 anos o VAI – Valorização de Iniciativas Culturais, que repassa recursos para projetos culturais realizados por jovens entre 18 e 29 anos, e também para projetos de proponentes com mais de 30 anos. Essa política pública pioneira apoiou cerca de 2.500 projetos em duas décadas, incluindo o LAB Fantasma, produtora do cantor Emicida.
Além disso, em 2004, foi criada a política federal dos Pontos de Cultura, que também oferece repasses diretos de recursos a grupos culturais. Essas ações refletem a visão de políticas públicas distributivistas que têm orientado a cultura nas periferias ao longo das duas últimas décadas.
Essas políticas não apenas viabilizam a produção e difusão cultural nos territórios, mas também transferem renda do Estado para a sociedade civil, ativam a economia local e geram trabalho e renda. Dessa forma, reduzir as desigualdades passa por políticas que coloquem recursos diretamente nas mãos dos produtores e grupos culturais, impactando efetivamente na melhoria da vida do povo periférico.
Portanto, mais do que apenas a presença de equipamentos culturais nas periferias, como unidades do Sesc, Casas de Cultura e Fábricas de Cultura, é imprescindível a implementação de políticas que promovam a inclusão e desenvolvimento socioeconômico das comunidades periféricas. E esse é justamente o objetivo das políticas implementadas ao longo dos anos, que têm contribuído para a construção de uma cultura mais equitativa e inclusiva.