Brasil reduz desigualdade educacional em matemática, mas queda de desempenho entre estudantes ricos preocupa, diz Pisa 2022

A desigualdade educacional no Brasil apresentou um leve atenuamento nos últimos quatro anos, de acordo com dados do Pisa 2022, uma das principais avaliações de qualidade da educação básica do mundo. No entanto, a distância de desempenho entre alunos ricos e pobres se deve, exclusivamente, à piora no desempenho dos estudantes mais ricos.

Esse é o primeiro conjunto de resultados de uma avaliação internacional que permite a comparação do impacto da pandemia e do fechamento das escolas no aprendizado dos alunos em diferentes partes do mundo. A avaliação envolveu 690 mil estudantes de 15 anos, em 81 países e regiões, e mostrou que a crise sanitária teve um impacto global negativo sem precedentes, com uma queda significativa na nota média dos países membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) nas três áreas avaliadas.

No Brasil, a queda mais acentuada foi verificada em matemática, com uma diminuição de 5 pontos na média do país, que passou de 384 para 379. A diminuição é explicada pela perda de rendimento dos estudantes mais ricos, que perderam 13 pontos, passando de 438 para 425 pontos, enquanto os estudantes mais pobres permaneceram no mesmo patamar, com 348 pontos. Apesar disso, a distância de notas de matemática entre os alunos mais ricos e mais pobres no Brasil diminuiu de 90 para 77 pontos entre 2018 e 2022.

Segundo o relatório, o Brasil já apresentava resultados ruins antes da pandemia, e o impacto foi praticamente inexistente nos alunos mais vulneráveis, evidenciando a precariedade do sistema educacional do país. Especialistas apontaram que o ensino de matemática vai muito mal de maneira geral e que é necessária uma atenção urgente para resolver a crise nessa área.

Apesar do cenário ruim do Brasil em relação ao desempenho em matemática, houve certa surpresa quanto aos resultados, visto que o tempo de escolas fechadas poderia ter impactado negativamente ainda mais o desempenho dos alunos e aumentado a desigualdade. Além disso, o Pisa apontou que 70% dos estudantes brasileiros têm um desempenho em matemática abaixo do considerado básico para a idade.

O relatório da OCDE fez um alerta sobre o aumento da desigualdade educacional pelo mundo durante o período da pandemia, destacando a necessidade de desenvolver ações para dar assistência e reduzir esses efeitos entre os mais pobres. Em países como Singapura, onde foi obtido o melhor resultado em matemática, a disparidade entre alunos mais ricos e mais pobres é evidente, com uma diferença de 22 pontos entre eles.

Os dados do Pisa mostram que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para garantir um ensino de qualidade e reduzir a desigualdade educacional, principalmente na área de matemática. A situação demanda ações imediatas e em larga escala para a melhoria do sistema educacional do país.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo