Subsídios para energia fóssil no Brasil aumentam 20% em 2022, ultrapassando investimentos em energias renováveis, mostram dados.

Recentemente, foi divulgado um levantamento que revela um aumento de 20% nos subsídios dados à produção e consumo de energias fósseis no Brasil em 2022. Segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o valor dos incentivos destinados às fontes fósseis alcançou R$ 80,9 bilhões no ano passado, um montante que supera em mais de cinco vezes o gasto com incentivos às energias renováveis. Essa informação foi divulgada em meio à Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, a COP28.

O aumento nos subsídios ocorre em um momento crítico, em que as temperaturas médias mensais estão atingindo recordes preocupantes e eventos extremos, como temporais e ondas de calor, estão se tornando cada vez mais frequentes. Esse cenário reacende o debate sobre a transição energética e coloca em questão a postura do governo brasileiro.

Apesar de se apresentar como uma liderança no debate sobre a transição energética, o governo brasileiro tem incentivado o crescimento da produção nacional de petróleo, o que vai de encontro aos objetivos de redução das emissões de gases poluentes e de estímulo às energias renováveis. Além disso, o Brasil pretende ingressar na Opep+, um grupo que reúne países produtores de petróleo, em um movimento que gerou controvérsias e suscitou questionamentos sobre as reais intenções do governo.

Essa decisão coincide com o aumento dos subsídios aos combustíveis fósseis, que dispararam devido à redução dos impostos sobre os combustíveis em meio à alta dos preços do petróleo após o início da Guerra da Ucrânia. O custo das isenções tributárias nas vendas de gasolina, diesel e gás de botijão subiu consideravelmente, refletindo as mudanças nos impostos federais e estaduais aprovadas pelo Congresso em 2022.

Além disso, o aumento dos subsídios à geração de energia fóssil nos chamados sistemas isolados, regiões da Amazônia não conectadas à rede nacional de transmissão de energia, também contribuiu para o aumento desses custos. Enquanto isso, as energias renováveis enfrentam críticas por onerar o bolso dos consumidores, já que os incentivos a essas fontes são repassados para a conta de luz.

Com as discussões em torno do Acordo de Paris e da necessidade de transparência na concessão de subsídios, o governo brasileiro tem sido questionado sobre a falta de clareza em relação aos gastos com subsídios aos fósseis e renováveis. A tendência é que essa polêmica se mantenha ao longo de 2023, principalmente diante da manutenção da desoneração dos combustíveis pelo governo federal.

A guerra comercial e a geopolítica mundial também têm influenciado diretamente esses números, evidenciando a complexidade e a sensibilidade do tema. Enquanto isso, o Brasil é desafiado a repensar suas políticas energéticas e a buscar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente. Este é um tema que está longe de encontrar consenso e que deve permanecer em pauta nas discussões futuras sobre a matriz energética brasileira.

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