Afundamento de solo em Maceió transforma região em “bairro fantasma” e gera caos para os moradores.

A região que fica em torno da mina da Braskem em Maceió se transformou em um verdadeiro bairro fantasma. Comércios, escolas e outros serviços foram embora do local, e os poucos moradores que restam relatam falta de água e uma invasão de ratos. Segundo a reportagem, imóveis que ficam a 500 metros da mina, no bairro de Bom Parto, estão desocupados e sem teto, portas ou janelas, e agora têm como moradores galinhas, gatos e outros animais. A situação começou há cinco anos e desde então vem se intensificando, é relatado.

Maria Betânia Galdino da Silva, moradora do bairro, relata: “Ninguém pode sair de casa. Temos medo de deixar as nossas coisas, nossas crianças, e acontecer alguma coisa. Falta água sempre. A que chega, tem gosto de lama. Estamos vivendo com ratos, os bichos mesmo. Mercadinho? Não tem. Farmácia? Não tem. Escola? Não tem. Posto de saúde? Não funciona mais”. Ela também afirma estar sem trabalhar desde 2018 e depende dos filhos para se manter.

O desastre em Mutange, onde fica a mina da Braskem em Maceió, tem causado abalos sísmicos e afetado milhares de casas, apartamentos e estabelecimentos comerciais. Até agora, todos os moradores de Mutange já foram retirados, mas no bairro de Bom Parto ainda restam pessoas vivendo na área, mesmo com os riscos apresentados.

O Serviço Geológico do Brasil concluiu em 2019 que as atividades de mineração da Braskem em uma área de falha geológica causaram o problema. A exploração do minério começou em 1979 e se manteve até maio de 2019, quando foi suspensa pela Braskem um dia após a divulgação do laudo pelo Serviço Geológico.

A Defesa Civil de Maceió emitiu um alerta de que a situação havia piorado, com risco iminente de colapso da mina, e a população que mora próximo à área atingida foi orientada a deixar o local e procurar abrigo, e a prefeitura decretou estado de emergência por 180 dias.

O prefeito de Maceió afirmou que houve diminuição na velocidade do afundamento na região da mina, mas a Defesa Civil de Maceió afirma que a área segue em risco iminente de colapso, mesmo com a diminuição do ritmo.

Neste cenário de incerteza, os moradores da região estão sem saber o que fazer. Alguns relatos mostram famílias obrigadas a deixar suas casas por risco de colapso da mina, e agora precisam recolher itens para tentar abater um pouco dos gastos e pagar aluguel.

O diretor-presidente da Braskem, Roberto Bischoff, disse que “situações políticas” distorcem informações sobre o desastre, mas não especificou quais seriam as situações políticas envolvidas no caso.

Por fim, o ministro do Turismo afirmou que o afundamento da mina não afetou nenhum ponto turístico da cidade, e que os turistas devem manter suas programações. No entanto, a situação continua preocupante para os moradores e autoridades locais.

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