Moradores de São Sebastião protestam contra plano de demolição de casas após deslizamentos que deixaram 64 mortos.

No litoral norte de São Paulo, o bairro da Vila Sahy, localizado em São Sebastião, foi palco de um protesto neste domingo (3) contra a decisão do governo Tarcísio de Freitas de esvaziar e demolir quase 900 casas na região. Este plano tem gerado controvérsias e insatisfação por parte dos moradores, que se manifestaram contra a remoção das famílias, questionaram a capacidade do poder público em fornecer alojamento para todos os afetados e pediram mais transparência no processo.

A passeata teve início às 8h na praça principal da Vila Sahy e fechou parcialmente um trecho da rodovia BR-101, reunindo pelo menos 500 manifestantes, segundo organizadores, e cerca de 100, de acordo com a Polícia Militar. O protesto seguiu até a praia da Barra do Sahy e encerrou-se por volta das 10h, de forma pacífica.

Os moradores foram surpreendidos pelo pedido de ampliação das remoções, uma vez que o plano inicial era destruir 393 imóveis condenados na Vila Sahy. As demolições já haviam começado em setembro, mas agora a gestão estadual solicita autorização à Justiça para demolir um total de 893 imóveis, o que representa quase todo o bairro.

Segundo o governo Tarcísio, um amplo mapeamento do solo concluiu que parte da área é considerada de alto risco, justificando a necessidade de remoção e demolição de residências. No entanto, o líder comunitário Moisés Bispo, associado da Amovila, questiona o plano, afirmando que não há imóveis disponíveis para abrigar os desalojados e que as obras de contenção e drenagem nos morros ao redor da Vila Sahy deveriam evitar a remoção tão grande de famílias.

Bispo ainda questiona a qualidade das moradias provisórias oferecidas pelo governo e o alto custo das obras feitas na Vila Sahy, criticando o fato de que, mesmo com investimentos em drenagem e contenção, apenas 20% da população permaneceria no bairro, levantando dúvidas sobre a eficácia dessas intervenções.

Por outro lado, o governo afirma que o plano de remoção das famílias será suficiente para atender a todas as famílias nas áreas previstas, mesmo que isso inclua moradias provisórias. A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) prevê que as remoções comecem já em dezembro e sejam finalizadas até março, e que o plano inclui novas obras a serem feitas a médio prazo.

Diante do impasse, o governo de São Paulo protocolou uma ação na Justiça para retomar a demolição desses imóveis, possibilitando também a execução de obras de contenção de encostas e drenagem. O tema já foi abordado com a comunidade em reuniões que ocorreram ao longo dos últimos meses e está mencionado em cartilhas distribuídas aos moradores detalhando os fatores de risco e as ações que estão sendo desenvolvidas.

Enquanto isso, os moradores da Vila Sahy continuam sua luta e manifestações, buscando uma solução que atenda às suas necessidades e garanta segurança e moradia adequada para todos. A situação continua sendo acompanhada de perto e novos desdobramentos são esperados nos próximos meses.

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