Repórter São Paulo – SP – Brasil

Diretor da OMS espera resultado da COP28 que culmine na eliminação dos combustíveis fósseis

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, concedeu uma entrevista exclusiva à Folha de São Paulo onde destacou a importância da Conferência do Clima da ONU (COP28) na eliminação dos combustíveis fósseis. Para Tedros, a saúde e o clima estão intimamente relacionados, e a eliminação dos combustíveis fósseis traria benefícios significativos para a saúde da população mundial.

Durante a conferência, Tedros ressaltou que a relação entre saúde e mudanças climáticas é fundamental para conscientizar as pessoas sobre o impacto das emissões de gases-estufa. O diretor-geral da OMS destacou ainda a importância da incorporação de considerações sobre a saúde nos processos de negociação das COPs, visando minimizar os efeitos adversos do clima na saúde pública.

Pela primeira vez, a cúpula do clima dedicou um dia temático à agenda da saúde, com debates paralelos às negociações diplomáticas. Tedros participou de uma mesa com ministros da Saúde de diversos países, onde foi elogiado pelo seu trabalho durante a pandemia de Covid-19.

No entanto, a declaração do presidente da COP28, Sultan al-Jaber, que negou a ciência por trás da recomendação de eliminar os combustíveis fósseis, causou polêmica. O painel científico do clima da ONU (IPCC) e a Agência Internacional de Energia apontam o abandono da matriz fóssil como uma condição para manter o aquecimento global próximo de 1,5°C. Tedros rebateu as declarações de Jaber, afirmando que a necessidade de eliminação dos fósseis “não é só baseada na ciência, como também nos impactos que já são vividos”.

Durante a conferência, os Emirados Árabes articularam a doação de US$ 1 bilhão para uma iniciativa que visa aumentar a cooperação internacional para sistemas de saúde mais resilientes ao clima. O documento resultante da iniciativa foi assinado por 124 países, incluindo potências como Brasil, China, Estados Unidos, Índia, Alemanha e Reino Unido.

A OMS estima que o clima deve causar pelo menos 250 mil mortes adicionais por ano entre 2030 e 2050, incluindo mortes de idosos expostos ao calor extremo, por diarreia, por malária e de crianças ligadas a má nutrição. Além disso, o painel do clima da ONU estimou os impactos da crise climática no aumento de doenças infecciosas, calor e desnutrição, nos deslocamentos forçados de populações e até na saúde mental.

Portanto, a COP28 continua sendo um importante fórum para discutir a relação entre mudanças climáticas e saúde pública, trazendo a necessidade urgente de ações concretas para mitigar os efeitos do aquecimento global na saúde das populações ao redor do mundo. A saúde e o clima não podem mais ser vistos como questões distintas, e a ação coordenada dos países se faz cada vez mais necessária para enfrentar esses desafios.

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