Segundo relatos obtidos em todas as cidades da região, as reclamações são as mesmas: os textos de editais de projetos e ações são enviados sem que haja uma análise crítica por parte dos conselheiros; faltam cadeiras para determinadas áreas na Cultura; e são escassos os recursos humanos e financeiros para o desenvolvimento de projetos. A esperança dos conselheiros é que, a partir de 2024, essa situação possa ser modificada.
Em Santo André, por exemplo, há uma demanda antiga do movimento de cultura por garantir 1% do orçamento municipal para a gestão de projetos, mas estes recursos atualmente são destinados para obras e aquisição de novos equipamentos. Além disso, a cidade possui uma dívida desde 2017 com o Fundo de Cultura, destinado a fomentar projetos dos fazedores de cultura na cidade.
A comunicação também é um ponto frágil nos conselhos, como apontado por conselheiros de São Caetano. Eles ressaltam a necessidade de melhorar o diálogo entre o poder público e o Conselho, principalmente em questões referentes a editais publicados pela Prefeitura. Rondinelly Lima, conselheiro, também considera importante que sejam realizados ajustes no regimento interno, com a criação e atualização de cadeiras, como a de Circo, que não está contemplada.
Em Ribeirão Pires, a falta de transparência e diálogo também é um desafio. Segundo a presidente do conselho, Fernanda Lima, o principal problema é a ausência do poder público na tomada de decisões. Ela ressalta que o Conselho de Cultura do município se manteve parceiro do poder público, apesar da falta de participação das autoridades.
Diadema também enfrenta desafios semelhantes, e o conselheiro Luiz Rocha destaca a necessidade de aumentar o diálogo com as produções culturais locais que visitam a cidade. Para ele, o canal de comunicação existe, mas precisa ser supervisionado e aperfeiçoado.
Apesar das dificuldades, as prefeituras citadas não se manifestaram sobre o assunto quando questionadas pela reportagem.
Essa situação evidencia a importância de uma maior transparência e diálogo entre os conselhos municipais de cultura e os governos municipais, a fim de garantir o desenvolvimento e fomento das atividades culturais nas cidades do ABC Paulista. A partir de um maior engajamento e cooperação entre os entes públicos e a sociedade civil, será possível superar os desafios e promover uma efetiva política cultural nas localidades.