John Kerry anuncia cooperação com Brasil para implementação do Plano de Transformação Ecológica em Brasília

O enviado especial do clima dos Estados Unidos, John Kerry, anunciou nesta sexta-feira (01), em nota conjunta com o ministro brasileiro da Fazenda, Fernando Haddad, a intenção de cooperar bilateralmente para a implementação do Plano de Transformação Ecológica que está em construção em Brasília. Segundo a nota, a cooperação deve expandir instrumentos financeiros para a implementação do plano e formar uma coalizão de atores interessados no setor tecnológico, para discutir desde questões regulatórias até mesmo inteligência artificial. O governo brasileiro planeja lançar forças-tarefa para mobilizar governos, filantropia, setor privado e atores multilaterais na implementação do plano —que ainda é um rascunho de ideias. Ainda sem apresentar um documento ou discutir propostas do Plano de Transformação Ecológica, o governo organizou um evento com autoridades brasileiras para celebrar a iniciativa na COP28, também nesta sexta.

O ministro Fernando Haddad citou uma série de projetos do governo federal como já sendo parte do plano. Entres eles, estão a criação de um mercado de carbono, a emissão de títulos soberanos sustentáveis, a taxonomia sustentável e a revisão do Fundo Clima. No entanto, o cerne do plano deve ser um pacote de investimento em tecnologias verdes, especialmente no setor energético.

O ministro cita a previsão de que o plano precisa mobilizar investimentos entre US$ 130 bilhões até US$ 160 bilhões anuais nos próximos dez anos, em setores como energia, adaptação climática e mobilidade. Questionado sobre a ausência de uma previsão para o teto de exploração de combustíveis fósseis no Plano de Transformação Ecológica, Haddad se limitou a responder que o governo está todo se movendo na mesma direção.

Para Marina Silva, Meio Ambiente, o discurso do presidente Lula na COP28 entregou “o termo de referência” para se discutir o teto para combustíveis fósseis.

Entretanto, para o alto escalão do Ministério de Minas e Energia, o recado de Lula foi interpretado de outra forma. A pasta vê nas cobranças de Lula às responsabilidades dos países ricos um sinal de que o Brasil não se adiantará no movimento de prever a eliminação de combustíveis fósseis.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou durante o evento que o banco está alinhando seus critérios de concessão de créditos à meta de manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C. No entanto, não soube responder sobre uma data para a implementação do novo critério.

O evento contou com a presença, no palco, de Dilma Rousseff, que comanda o banco dos Brics, e de Ilan Goldfajn, presidente do BID (Banco Interamericanos de Desenvolvimento), mas eles não se pronunciaram.

A cooperação entre os Estados Unidos e o Brasil para a implementação do Plano de Transformação Ecológica é um sinal positivo de que os dois países estão dispostos a trabalhar juntos em questões ambientais. A articulação de forças-tarefa para a implementação do plano e o foco em investimentos em tecnologias verdes indicam um compromisso conjunto em promover a sustentabilidade e enfrentar os desafios das mudanças climáticas. Apesar das divergências de interpretação em relação ao teto de exploração de combustíveis fósseis, a iniciativa de cooperação bilateral é um passo importante para avançar na implementação de políticas e ações concretas em prol do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.

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