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Secretário-geral da ONU alerta para “colapso climático em tempo real” e prevê 2023 como o ano mais quente da história

Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, estamos prestes a enfrentar um cenário de “colapso climático em tempo real”, com recordes de temperatura que deveriam fazer os líderes mundiais “suar frio”. De acordo com a análise da OMM (Organização Meteorológica Mundial), 2023 está previsto para ser o ano mais quente da história, o que aumenta a pressão sobre as discussões na COP28, a conferência do clima da ONU que começou nesta quinta-feira em Dubai.

Faltando apenas um mês para o fim do ano, a OMM concluiu que 2023 atingirá um aquecimento global de cerca de 1,4°C acima dos níveis pré-industriais, o que representa um novo recorde climático. O relatório da OMM aponta que este ano será o mais quente por uma grande margem, substituindo o recorde anterior de 2016, quando o mundo estava cerca de 1,2°C mais quente do que a média pré-industrial.

António Guterres destacou que diversas comunidades ao redor do mundo foram afetadas por incêndios, inundações e temperaturas extremas ao longo deste ano. Peterri Taalas, secretário-geral da OMM, também enumerou outros recordes relacionados a oceanos e gelo marinho, ressaltando que os níveis de gases de efeito estufa estão em patamares recordes, as temperaturas globais estão em níveis recordes e o aumento do nível do mar é recorde, assim como a quantidade recorde de gelo marinho na Antártida.

A COP28, que teve início em Dubai, foi marcada por apelos em favor do declínio definitivo da era dos combustíveis fósseis. O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, pediu ao mundo que sinalize esse declínio, enquanto o presidente da COP28, Sultan Ahmed al-Jaber, defendeu a menção do papel dos combustíveis fósseis no acordo final.

Apesar do relatório da OMM não indicar que o mundo está prestes a ultrapassar o limite de aquecimento de longo prazo de 1,5°C, estabelecido no Acordo de Paris, os impactos já observados com um aquecimento de 1,4°C oferecem uma prévia assustadora do que pode ser ultrapassar permanentemente o limite estabelecido. Ataques, perda de gelo marinho, incêndios florestais recordes e outros eventos extremos foram alguns dos efeitos nefastos já observados.

Segundo os cientistas, o próximo ano pode ser ainda pior, com os impactos do El Niño atingindo o pico e levando a temperaturas ainda mais altas em 2024. A mudança climática, impulsionada pela queima de combustíveis fósseis, aliada ao surgimento do padrão climático natural do El Niño, levou o mundo a um cenário de recordes em 2023.

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