Policial militar promove “violência processual” contra ex-mulher com abertura de 11 processos, relatam advogadas especializadas em gênero

O caso da ex-mulher Cristiane Domingues, vítima de violência processual por parte de seu ex-marido, o policial militar Alan Marmute de Souza, chama a atenção para uma prática recorrente e prejudicial para as mulheres em processo de separação, guarda dos filhos ou em situações de violência doméstica.

Com promessas de “te encher de denúncias, lotar de indenizações, socar seu nome de processos”, Alan cumpriu sua ameaça ao abrir ao menos 11 processos contra Cristiane e pessoas próximas a ela, como advogados, psicólogos e testemunhas. Tal prática de abuso do sistema judiciário é conhecida como violência processual, e é utilizada como estratégia para silenciar vítimas e desgastar emocionalmente.

O relacionamento conturbado de Alan e Cristiane, que chegou ao fim em julho após poucos meses de casamento, foi marcado por ameaças, comportamento agressivo, abusivo e controlador por parte do ex-marido, segundo relato da vítima. Enquanto a defesa de Alan nega as acusações e alega que Cristiane busca anular o casamento para garantir proteção dos bens, a vítima relata que seus dias são consumidos pela luta para lidar com os processos e as consequências deles. Ela afirma que se sente acuada e presa em uma situação sem fim, tendo que lidar com três advogados para dar conta de todos os casos.

A Justiça absolveu Cristiane de uma das ações movidas por Alan, determinando que o ex-marido pague multa por litigância de má-fé, evidenciando a motivação abusiva por trás dos processos. No entanto, a defesa de Alan afirma que vai recorrer da decisão, mantendo a alegação de disputa patrimonial.

Essa prática não é novidade e vem causando grande impacto na vida das vítimas, levando à desistência e ao abalo da saúde mental. Apesar de alguns esforços, como um projeto de lei que propõe punições para quem litigar de má-fé, especialistas afirmam que o Judiciário ainda carece de medidas mais efetivas para combater a violência processual.

Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da Bahia prevê multa e suspensão para advogados que praticarem violência processual de gênero, mostrando a necessidade de responsabilização não apenas dos autores dos processos abusivos, mas também daqueles que os instrumentalizam.

Portanto, é crucial que sejam implementadas e fortalecidas políticas e leis que visem coibir essa prática, protegendo as vítimas e garantindo que o sistema judiciário não seja utilizado como mais uma forma de abuso e controle. A violência processual, assim como a violência doméstica, deve ser encarada com seriedade e enfrentada com medidas concretas que visem à segurança e proteção das vítimas.

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