Greve de trabalhadores dos serviços públicos de São Paulo se mantém até quarta-feira (29) e debate sobre privatização continua

A greve dos trabalhadores dos serviços públicos de São Paulo segue até a meia-noite desta quarta-feira (29), de acordo com os representantes sindicais envolvidos no movimento. Durante uma coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (28), os sindicatos avaliaram que a greve foi bem-sucedida em termos de adesão e compreensão dos trabalhadores em relação aos motivos do movimento. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintraema), José Faggian, destacou que a greve tem o objetivo de promover o debate com a população sobre os prejuízos da privatização não apenas da Sabesp, mas também do Metrô e da CPTM.

Faggian ressaltou que a paralisação tem um caráter corporativo na defesa dos empregos e interesses dos trabalhadores da Sabesp, mas que a unificação busca garantir que a população de São Paulo tenha acesso a serviços públicos de qualidade. Ele enfatizou que a empresa pública presta um serviço de excelência, é lucrativa e atende a 70% da população em 375 municípios. Na sua avaliação, não há argumentos razoáveis para a privatização da Sabesp, citando a precarização e o aumento das tarifas em serviços privatizados no Brasil e no mundo.

Por sua vez, a presidente do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, destacou que a categoria propôs ao governo do estado a liberação das catracas para que a população pudesse utilizar o transporte sobre trilhos gratuitamente, mas a resposta foi negativa. Ela afirmou que o governador deveria aceitar debater o tema e provar que a privatização não traria os mesmos problemas observados em outros setores privatizados.

O vice-diretor de políticas sociais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Richard Araújo, destacou que os professores participam da greve unificada não apenas pelos estudos de privatização, mas também devido a uma proposta de emenda constitucional que reduziria o orçamento mínimo obrigatório para a educação.

De acordo com o governo estadual, na manhã dessa terça-feira, 62% do contingente da CPTM está trabalhando, cumprindo a decisão judicial que determina o mínimo de 60% dos trabalhadores em determinados horários. Nos ônibus municipais e intermunicipais, o funcionamento é normal. Todos os sistemas da Sabesp seguem operando regularmente.

O governo de São Paulo decretou ponto facultativo nos serviços públicos estaduais da capital para remarcação de consultas, exames e demais serviços afetados pela greve. Em nota, o governo classificou a greve como “abusiva e política” e destacou as perdas econômicas que o movimento teria causado.

A avaliação dos sindicatos, entretanto, é de que a população tem o direito de contestar as medidas e que há uma reflexão crítica sobre as privatizações, especialmente em relação à Sabesp. Eles pedem um debate mais aberto e transparente sobre o tema com a sociedade. A decisão sobre a greve e suas consequências continua a ser acompanhada de perto.

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