Enquanto nas demais escolas os desentendimentos entre o corpo docente e os pais também ocorrem, a situação se intensifica quando se trata de instituições de elite. Para muitas famílias, o objetivo central é garantir o acesso aos círculos sociais privilegiados, visando a realização de networking e a inserção no universo das elites. Nesses casos, a escola se torna um meio para estabelecer contatos e garantir o sucesso em exames e processos de admissão em universidades internacionais, relegando a segundo plano a educação baseada na reflexão e na crítica.
Neste contexto, a interferência constante dos pais e a máxima de que o cliente sempre tem razão criam um ambiente onde a criança se torna refém de aspirações cínicas e desprovidas de compromisso com a verdadeira educação. O professor, por sua vez, se depara com a difícil tarefa de conciliar a paixão pela transmissão do conhecimento com as demandas muitas vezes contraditórias das famílias.
Questões como sexualidade, política, racismo e pobreza se tornam tabu em todas as escolas, independentemente da classe social. A resistência dos pais em abordar tais temas na escola compromete o caráter público da educação, que deveria ser um espaço democrático e reflexivo para a troca de ideias e experiências.
Além disso, a preocupação de alguns pais de que seus filhos tenham contato com realidades menos favorecidas reforça a segregação social e a falta de empatia. A tentativa de mitigar o contato dos alunos com a diversidade prejudica a formação integral das crianças e o papel da escola como agente de transformação social.
Apesar desses obstáculos, os educadores, ao promover a reflexão e o questionamento, se insurgem como uma esperança e um consolo diante de uma realidade educacional marcada pela desigualdade e pela superficialidade. Eles enfrentam diariamente as pressões e resistências, buscando garantir a formação integral dos alunos e o exercício pleno da cidadania.
Nesse contexto, é essencial repensar a concepção de escola como uma mera prestadora de serviços ou como um veículo de ascensão social. A verdadeira função da educação é formar cidadãos críticos, conscientes e capazes de transformar a sociedade em que estão inseridos.