Academia Nacional de Medicina debate regulamentação e riscos do cigarro eletrônico em reunião com a Anvisa.

Especialistas da saúde se reuniram na última quinta-feira (23/11) em um encontro da Academia Nacional de Medicina para debater o consumo e a regulamentação dos cigarros eletrônicos. O tema está em alta devido à reunião da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com a Diretoria Colegiada, que discutirá o futuro dos cigarros eletrônicos no País na próxima sexta-feira (01/12).

Apesar de os cigarros eletrônicos serem proibidos no Brasil desde 2009, dados do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) 2022 revelam que cerca de 2,2 milhões de brasileiros adultos usam esses dispositivos regularmente. O médico sanitarista, fundador e primeiro diretor da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto, argumenta que a proibição não gera efeitos que ajudem no controle, na regulação das vendas e no acesso de crianças e adolescentes aos vapes.

De acordo com Vecina, a proibição apenas lotará as prisões, sem necessariamente reduzir o número de fumantes. Ele ressalta que, apesar da venda ser proibida, qualquer pessoa consegue comprar esses produtos, demonstrando que a proibição não é eficaz.

Os especialistas que participaram do encontro defenderam unânimes a necessidade de uma proibição rígida das vendas para crianças e adolescentes. Além disso, o oncologista Drauzio Varella e a pneumologista Margareth Dalcomo alertaram sobre a importância do controle e os riscos do produto para a saúde.

Outro médico presente no debate, Jorge Alberto Costa e Silva, que atuou na Organização Mundial da Saúde em políticas de combate ao tabagismo e atualmente é o presidente do Instituto Brasileiro do Cérebro, considera que a proibição é um grande erro. Para ele, a técnica da proibição é mais atrativa para os jovens, e uma regulamentação seria mais eficaz.

O médico Marcelo Morales, pneumologista e nefrologista, destacou que há uma epidemia de cigarros eletrônicos no Brasil e que não se sabe quais substâncias estão presentes nesses produtos. Ele ressaltou a importância de uma regulamentação para melhor controlar a venda dos dispositivos.

O debate também abordou como alguns países utilizam os cigarros eletrônicos como política de redução de danos para adultos fumantes. Mais de 80 países regulamentam o uso do dispositivo e a maioria deles impede a publicidade do produto e exige embalagens à prova de crianças para evitar a ingestão do líquido.

A reunião da Anvisa nesta semana discutirá o cenário brasileiro com contribuições da sociedade sobre o tema, incluindo a experiência internacional de regulamentação. A transmissão da reunião estará disponível no Portal da Anvisa.

O encontro foi de extrema importância para debater os riscos e a necessidade de uma regulamentação para os cigarros eletrônicos no Brasil. Os especialistas concordaram que é crucial garantir o controle do acesso e a segurança dos usuários, principalmente de crianças e adolescentes, diante do crescente número de usuários no país.

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