Crescente violência e disputa por territórios assolam comunidades do Recôncavo Baiano, desafiando governo local na busca por soluções.

Na manhã de uma segunda-feira, o distrito de Acupe, situado a 80 km de Salvador, parou para mais um cortejo fúnebre. O carro de som à frente anunciava louvores cristãos, enquanto familiares e amigos caminhavam lentamente, enlutados pela perda de mais uma vida vitimada pela violência. Desta vez, um idoso que havia sido roubado e brutalmente assassinado em sua própria casa, em um crime que chocou a comunidade de 7.000 habitantes.

O Recôncavo Baiano, conhecido por sua rica herança cultural afro-brasileira, tem vivenciado um crescimento alarmante de mortes violentas. A falta de políticas sociais e de alternativas de trabalho e renda tem aberto espaço para a atuação de facções criminosas, que disputam territórios urbanos e rurais, resultando em episódios de letalidade policial.

A região enfrenta desafios significativos, o que coloca em xeque o governo local. Dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia apontam que a taxa de mortes violentas na região ultrapassou a média do estado em 2022, chegando a 40,4 mortes por 100 mil habitantes.

O distrito de Acupe, que cresceu em torno de engenhos de cana-de-açúcar no período colonial, agora se vê envolto em um cenário de medo e violência, com famílias vivendo sob a vigilância de grupos criminosos. A situação se intensificou após uma ação policial que deixou quatro jovens mortos, com a comunidade questionando as circunstâncias do ocorrido. O policiamento na região tem sido alvo de críticas, sobretudo pela falta de proteção às comunidades afetadas pela criminalidade.

A falta de empregos formais e projetos sociais para os jovens contribui para a situação de vulnerabilidade na região. O Recôncavo vivenciou um período de otimismo com a instalação de um estaleiro na cidade vizinha, mas a descontinuidade do empreendimento coincidiu com o avanço da violência.

O governo local afirma ter adotado medidas para conter a violência na região, reportando uma queda significativa no número de mortes violentas entre janeiro e outubro de 2023. No entanto, a comunidade continua a enfrentar os desafios da criminalidade e da ausência de políticas públicas eficazes.

Enquanto isso, moradores como Claudinéia da Silva Santos, que perdeu o filho em uma abordagem policial, lutam para que outras famílias não tenham que enfrentar o mesmo sofrimento. A batalha contra a violência e a insegurança continua em Acupe e no Recôncavo Baiano, oferecendo um retrato doloroso e urgente dos desafios enfrentados pelas comunidades afetadas pela criminalidade.

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