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Prefeito do Rio de Janeiro anuncia plano de internação involuntária de usuários de drogas, desconsiderando direitos e experiências mal-sucedidas

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, causou polêmica ao anunciar a retomada de um plano de internação involuntária de usuários de drogas na cidade. Reciclando uma ideia de dez anos atrás, Paes defendeu a intervenção compulsória de dependentes químicos nas redes sociais, alegando que não é admissível que diferentes áreas da cidade fiquem com pessoas nas ruas que não aceitam qualquer tipo de acolhimento.

No entanto, essa proposta tem gerado controvérsias devido aos possíveis impactos negativos na vida dos usuários de drogas. Programas fundados em intervenção involuntária ou compulsória violam os direitos dessas pessoas, que mesmo em condição de dependência química, não perdem o status de sujeitos de direitos diante da arbitrariedade estatal.

Além disso, não há casos documentados de sucesso em que programas de internação contra a vontade das pessoas tenham gerado resultados duradouros. A internação tende a afastar os usuários de drogas dos laços sociais, ao invés de fortalecê-los, e também tende a privilegiar a abstinência, o que vai contra as políticas de redução de danos que deram melhores resultados em termos de saúde e reincidência.

Outro ponto de crítica em relação à proposta de internação compulsória é o caráter classista e potencialmente racista da medida, uma vez que não se cogita internar usuários de drogas em festas na zona sul e sabe-se a cor de quem será internado. Além disso, a medida não segue parâmetros internacionais nem as experiências nacionais mais bem-sucedidas.

O anúncio do prefeito Paes retrocede na área da política de drogas, assim como o apoio do governo federal sob Lula às comunidades terapêuticas, com expansão prevista até 2026. Tais decisões vão na contramão das abordagens mais modernas e eficazes em relação ao tratamento de dependentes químicos.

Portanto, a retomada do plano de internação involuntária de usuários de drogas levanta questionamentos e críticas por parte de especialistas e defensores dos direitos humanos, que defendem a busca por políticas mais humanizadas e eficazes no tratamento da dependência química.

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