De acordo com dados compilados pelo Dieese, a taxa de desocupação entre os negros é sistematicamente maior do que entre os demais trabalhadores. Apesar de representarem 56,1% da população em idade de trabalhar, os negros correspondem a mais da metade dos desocupados, com 65,1% de representação nesse grupo.
Esses números foram extraídos do 2º trimestre de 2023, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desocupação dos negros é de 9,5%, 3,2 pontos percentuais acima da taxa dos não negros. No caso das mulheres negras, essa taxa chega a 11,7%.
O Dieese ainda destaca que, mesmo no contexto atual de melhora da atividade econômica, a inserção das mulheres negras no mercado de trabalho é mais difícil, uma vez que enfrentam as desigualdades de raça e gênero.
Quando conseguem ocupação, as condições impostas aos negros são desfavoráveis. Apenas 2,1% dos trabalhadores negros estão em cargos de direção ou gerência, enquanto entre os homens não negros essa proporção é de 5,5%. Além disso, a informalidade é maior entre os negros, com 46% dos negros ocupados em trabalhos desprotegidos, enquanto entre os não negros essa proporção é de 34%.
A diferença salarial também é evidente, com os negros ganhando, em média, 39,2% a menos que os não negros. Mesmo quando comparados os rendimentos médios de negros e não negros na mesma posição na ocupação, os negros estão em desvantagem.
Diante desse cenário, o Dieese ressalta a necessidade de ampla sensibilização para que as políticas públicas sejam desenhadas e implementadas com o objetivo de atacar o problema das desigualdades, especialmente no mercado de trabalho. A entidade enfatiza que o caminho a ser percorrido é longo, mas deve ser feito com determinação e agilidade.