A problemática dos canudos de papel: estudo revela presença de produtos químicos perigosos e baixa sustentabilidade como alternativa aos plásticos.

Jornalista investiga impacto ambiental dos canudos de papel

Há tempos os canudos de papel vêm se tornando um problema para os consumidores. Adotados em larga escala como alternativa ao plástico em bares e lanchonetes, esses canudos não são tão eficazes quanto parecem. Ao entrar em contato com líquidos, muitas vezes desmancham-se, causando transtornos aos clientes e deixando uma poça de bebida sobre a mesa. Além disso, um estudo recente descobriu que os canudos de papel contêm mais “produtos químicos eternos” – substâncias per e polifluoroalquil ou PFAS – do que os canudos de plástico.

A Universidade da Antuérpia, na Bélgica, foi responsável pelo estudo que revelou essa preocupante constatação. Os PFAS de longa duração presentes nos canudos de papel podem permanecer no ambiente por décadas, afetando o abastecimento de água e apresentando riscos à saúde humana. Os resultados obtidos pelos pesquisadores levantam dúvidas quanto à real sustentabilidade dos canudos de papel como alternativa ao plástico.

Com isso em mente, um jornalista decidiu investigar mais a fundo o impacto ambiental dos canudos, buscando alternativas e dados concretos. Ele se surpreendeu ao descobrir que, apesar de serem encontrados em grande número na limpeza de praias em todo o mundo, os canudos plásticos representam apenas uma pequena fração dos resíduos plásticos que chegam ao meio ambiente. Estimativas indicam que cerca de 500 milhões de canudos descartáveis são utilizados diariamente nos Estados Unidos, e que no Brasil, 1,2 mil toneladas de canudos plásticos foram produzidas em 2020.

Apesar de sua pequena participação no total de resíduos plásticos, os canudos de plástico se tornaram um emblema do problema da poluição plástica. Movimentos contra o uso de canudos de plástico se espalharam globalmente, resultando em proibições em diversos países e grandes empresas, como Starbucks e McDonald’s, abandonando o uso de canudos de plástico. No Brasil, pelo menos oito Estados já proibiram o uso de canudos de plástico.

Entretanto, estudos indicam que, dependendo do tipo de material, canudos considerados biodegradáveis, como os de papel, podem ter um impacto ambiental maior do que os de plástico. A produção de matérias-primas necessárias para a fabricação de canudos de papel, como árvores, pode resultar em emissões de gases de efeito estufa equivalentes ou até mesmo superiores às dos canudos de plástico.

Além disso, o movimento contrário aos canudos de plástico também ajudou a trazer à tona outras formas mais preocupantes de poluição plástica, como as redes de pesca, que constituem uma parte significativa dos resíduos plásticos encontrados nos oceanos. A conscientização sobre o impacto ambiental do plástico descartável levou à negociação de um Tratado Global sobre Plásticos pela Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que visa abordar a questão da poluição plástica em nível mundial.

Em resumo, embora os canudos de papel tenham sido inicialmente saudados como uma alternativa sustentável ao plástico, a realidade é que seu impacto ambiental pode ser mais nocivo do que se imaginava. A busca por soluções sustentáveis e menos prejudiciais ao meio ambiente continua sendo um desafio para estabelecimentos comerciais e consumidores. Portanto, antes de optar por supostas alternativas mais eco-friendly, é fundamental considerar o ciclo de vida desses produtos e seu impacto real no meio ambiente.

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