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Polícia Civil de São Paulo lança laboratório de inteligência financeira contra lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio

No alto do 18º andar do Palácio da Polícia Civil de São Paulo encontra-se o “cérebro” financeiro das investigações contra lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio no estado. Recentemente inaugurado, o andar abriga quase 40 analistas de inteligência financeira que, por questões de segurança, operam de forma discreta.

Até outubro deste ano, o LAB-LD, sigla para Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro, identificou R$ 2,9 bilhões com indícios de procedência ilícita. As análises feitas pelo laboratório são desencadeadas pelos pedidos dos delegados que conduzem inquéritos policiais. Ao detectar suspeitas de enriquecimento ilícito ou ocultação de patrimônio, o laboratório é acionado. Com a quebra de sigilo autorizada pela Justiça, os analistas rastreiam o dinheiro na tentativa de descobrir sua origem. Com conhecimento técnico especializado, o laboratório entrega relatórios prontos para embasar a continuidade das investigações.

No período de dez meses, o LAB-LD analisou 792 alvos de investigações no Estado, a maioria sendo organizações criminosas, totalizando quase 50 mil contas bancárias. Cerca de 40% do montante identificado com procedência duvidosa está ligado a crimes de estelionato. O tráfico de drogas aparece em segundo lugar, com 35%, enquanto o furto qualificado e o crime contra a economia popular acumulam 10% cada.

Os analistas do LAB-LD estão focados em desvendar a mudança de perfil nos crimes relacionados à lavagem de dinheiro. A análise dos dados aponta que estelionatos aumentaram significativamente durante a pandemia de Covid-19, devido ao crescimento dos crimes praticados por meios digitais.

Outro foco de atuação é o enfrentamento à estrutura financeira do crime organizado. O laboratório busca desarticular financeiramente as organizações criminosas que utilizam meios “legais” para lavar dinheiro obtido com o tráfico de drogas e outros crimes. O objetivo é romper a cadeia ilícita para evitar delitos de grande e pequena escala.

Uma das estratégias adotadas pelos analistas é usar a tecnologia para se antecipar ao crime organizado. Eles acompanham as novas tecnologias empregadas pelas quadrilhas para entender como essas ferramentas podem ser utilizadas para práticas criminosas e se antecipar em relação ao que pode ser usado no futuro.

Além disso, o SIMBA, um conjunto de processos, módulos e normas para tráfego de dados bancários entre instituições financeiras e órgãos governamentais, é parte fundamental do trabalho realizado pelos analistas. Este sistema foi desenvolvido e disponibilizado pelo Ministério Público Federal através de um acordo de cooperação técnica.

Em resumo, o LAB-LD desempenha um papel crucial no combate à lavagem de dinheiro e na desarticulação financeira do crime organizado. Seu trabalho é uma peça determinante no esforço das autoridades para conter o avanço dessas atividades ilícitas que minam a economia e a segurança pública no estado de São Paulo.

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