Municípios da província de Buenos Aires serão essenciais para vitória de Sergio Massa no segundo turno da eleição na Argentina.

Sergio Massa Reinventa Peronismo

O peronismo, considerado um reduto histórico em alguns municípios da província da Buenos Aires, foi fundamental para a vitória de Sergio Massa no primeiro turno das eleições na Argentina e promete ser igualmente essencial para a disputa deste domingo, 19. Parece claro que o reduto ainda é uma força política significativa, capaz de influenciar uma eleição de forma competitiva apesar dos maus resultados econômicos; cena observada não apenas na grande Buenos Aires como também em províncias do norte e do sul do país.

Tanto Massa quanto o libertário Javier Milei estão direcionando seus últimos esforços de campanha em cidades estratégicas da grande Buenos Aires, além de províncias de grande eleitorado como Santa Fé, Córdoba e Mendoza. Ambos buscam conquistar novos votos e todos os aparatos peronistas estão mobilizados para angariar apoio para Massa. Esses apoios tendem a crescer durante o segundo turno, com uma mobilização mais robusta de prefeitos, vereadores e fiscais peronistas.

A província de Buenos Aires, em particular, concentra um terço do eleitorado do país e exerce uma influência crítica sobre qualquer eleição argentina. A coalizão governista, União pela Pátria, registrou um crescimento contínuo e significativo desde as eleições primárias de agosto até o primeiro turno de outubro, enquanto a oposição encabeçada por Patricia Bullrich teve uma queda em seu número de votantes. O município de La Matanza tornou-se uma vitrine deste sucesso, onde Massa levou 53% dos votos, a maior porcentagem na província, e na sua própria cidade Tigre, obteve 41%. A cidade de Lanús também contou com um movimento forte, elevando em 21 pontos percentuais os votos para Massa.

A reviravolta nestes resultados eleitorais, juntamente com a mobilização de votos em províncias do norte e uma reviravolta em províncias da região da Patagônia, explicam a vitória surpreendente de Massa no primeiro turno das eleições. A província de Buenos Aires é um bastião do peronismo desde a redemocratização, tendo sido governada pela oposição em apenas poucas ocasiões: entre 1983 e 1987, quando governou a União Cívica Radical e entre 2015 e 2019, quando María Eugenia Vidal, do PRO, comandou o cargo.

Apesar do fracasso econômico do governo de Alberto Fernández e do quase desaparecimento de Cristina Kirchner, a grande Buenos Aires demonstrou a força do peronismo. O movimento peronista reativou suas estratégias de campanha e se reorganizou sob a liderança de Massa. A eleição para governador da província de Buenos Aires foi decidida em primeiro turno a favor do kirchnerista Axel Kicillof, e 84 prefeituras da província ficaram com os peronistas, em um contingente de mais de 130 províncias. Todos esses fatores, então preocupados com suas próprias eleições, estão agora de prontidão para a campanha de Massa.

Nessas eleições, Milei, com um partido nanico, não elegeu governadores ou prefeitos e também não conta com um corpo robusto de fiscais. Sua sorte, no entanto, pode mudar com o apoio do PRO, partido de Macri, que pode se unir aos libertários e fortalecer o aparato de fiscalização. O alto nível de comparecimento às urnas nas eleições gerais foi consequência da mobilização peronista, uma coisa bem vinda, se considerar que as eleições primárias tiveram a participação mais baixa desde a redemocratização. Foi um momento significativo de engajamento público que teve influência no resultado da corrida para estas eleições.

As próximas eleições de 19 de dezembro votarão Sergio Massa para presidente. Nos últimos dias de campanha, Sergio Massa lançou uma enxurrada de benefícios aos argentinos: congelamento de preços de alimentos, transporte, combustíveis e feriados fiscais, bem como isenção de imposto de renda para a maioria dos trabalhadores assalariados, abonos salariais e outras benesses; uma estratégia visando diminuir a disparada do câmbio. Além disso, Massa destacou que apenas ele, enquanto peronista, defende políticas semelhantes, em contraposição aos adversários que favorecem cortes e ajustes. Uma estratégia que tem impacto na sociedade, particularmente na população de renda mais baixa.

A campanha demonstra uma abordagem de “voto contra”, em oposição a “voto a favor”, estando baseada no medo do que defende Milei, medo que colou, como é o caso de Hugo Ingaldi, senhor de 70 anos, morador de Lomas de Zamora, que se diz indiferente a Sergio Massa, mas definitivamente votou contra Milei por medo do que poderia vir. Ele ilustra o sentimento de muitos Argentinos, que rejeitam o libertário depois de passar por um susto com o resultado das eleições primárias.

É preciso observar se um partido nanico e novo isolado do aparelho do estado e do medo que se espalhou entre eleitores levará a sua vitória e a extinção do peronismo, mas isso permanece uma incógnita na Argentina de hoje. Portanto, Massa tem uma larga vantagem histórica, mas sabemos que as próximas eleições presidenciais serão cruciais para o futuro da Argentina.

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