De acordo com Magnon, ter altas habilidades significa ter um cérebro que funciona de maneira diferente, com uma percepção e funcionamento diário distintos. Ela ressalta que possuir altas habilidades não implica necessariamente ter um alto desempenho produtivo para a sociedade. Em relação ao diagnóstico dessas habilidades, Magnon afirma que medir apenas o QI não é suficiente, e defende a importância de se obter informações qualitativas por meio de entrevistas guiadas, além de testes de criatividade e pensamento divergente.
A pesquisadora também destaca a escassez de estudos sobre as características das altas habilidades em mulheres, em especial aquelas que também são autistas. Ela aponta que a percepção da inteligência feminina é frequentemente influenciada por crenças culturais, o que torna mais difícil identificar as altas habilidades em mulheres.
Magnon também aborda a questão da dupla ou tripla excepcionalidade, explicando que se trata da coexistência das altas habilidades com outra condição desafiadora ou deficiente, e que a pesquisa sobre esse tema é escassa. Ela ressalta que a proporção de autismo entre homens e mulheres pode ser distorcida, uma vez que muitas mulheres autistas permanecem sem diagnóstico ou são diagnosticadas tardiamente.
Quanto às dificuldades de identificar o autismo em mulheres com altas habilidades, Magnon atribui isso ao patriarcado e à socialização que ensina as meninas a se camuflarem para se encaixarem socialmente. Ela descreve sinais de suspeita em meninas pequenas com autismo e altas habilidades, como a dissincronia, grande curiosidade intelectual, sensibilidade sensorial acentuada e dificuldades para socializar da forma esperada.
Diante da entrevista com Adeline Magnon, fica evidente a importância de se desconstruir estereótipos e compreender a diversidade das altas habilidades, assim como a necessidade de mais pesquisas sobre as características das mulheres neurodivergentes, em especial aquelas com altas habilidades. A entrevista também destaca a importância de considerar o contexto social e cultural na identificação e compreensão das altas habilidades, autismo e outras neurodivergências.