Desmistificando as Altas Habilidades: Entrevista com Adeline Magnon sobre Estereótipos, Diagnóstico e Diferenças de Gênero

A superdotação, ou altas habilidades, muitas vezes é associada a pessoas com um alto potencial intelectual, capazes de se destacar em música, matemática, filosofia ou física. No entanto, a psicóloga e pesquisadora de neurodivergências Adeline Magnon, em entrevista exclusiva, desmistifica esse estereótipo, explicando que as altas habilidades são muito mais do que ser um gênio em uma área específica.

De acordo com Magnon, ter altas habilidades significa ter um cérebro que funciona de maneira diferente, com uma percepção e funcionamento diário distintos. Ela ressalta que possuir altas habilidades não implica necessariamente ter um alto desempenho produtivo para a sociedade. Em relação ao diagnóstico dessas habilidades, Magnon afirma que medir apenas o QI não é suficiente, e defende a importância de se obter informações qualitativas por meio de entrevistas guiadas, além de testes de criatividade e pensamento divergente.

A pesquisadora também destaca a escassez de estudos sobre as características das altas habilidades em mulheres, em especial aquelas que também são autistas. Ela aponta que a percepção da inteligência feminina é frequentemente influenciada por crenças culturais, o que torna mais difícil identificar as altas habilidades em mulheres.

Magnon também aborda a questão da dupla ou tripla excepcionalidade, explicando que se trata da coexistência das altas habilidades com outra condição desafiadora ou deficiente, e que a pesquisa sobre esse tema é escassa. Ela ressalta que a proporção de autismo entre homens e mulheres pode ser distorcida, uma vez que muitas mulheres autistas permanecem sem diagnóstico ou são diagnosticadas tardiamente.

Quanto às dificuldades de identificar o autismo em mulheres com altas habilidades, Magnon atribui isso ao patriarcado e à socialização que ensina as meninas a se camuflarem para se encaixarem socialmente. Ela descreve sinais de suspeita em meninas pequenas com autismo e altas habilidades, como a dissincronia, grande curiosidade intelectual, sensibilidade sensorial acentuada e dificuldades para socializar da forma esperada.

Diante da entrevista com Adeline Magnon, fica evidente a importância de se desconstruir estereótipos e compreender a diversidade das altas habilidades, assim como a necessidade de mais pesquisas sobre as características das mulheres neurodivergentes, em especial aquelas com altas habilidades. A entrevista também destaca a importância de considerar o contexto social e cultural na identificação e compreensão das altas habilidades, autismo e outras neurodivergências.

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