O evento foi criado pelo professor Celso Luiz Prudente, que também é responsável pela curadoria, e busca fomentar o diálogo sobre os impactos dos 20 anos da Lei 10.639/2003 no Brasil. Essa lei tornou obrigatório o ensino da história da África e da cultura afro-brasileira, sendo considerada um avanço importante na educação antirracista e na valorização da cultura negra no país.
Prudente destacou a importância de Kabengele Munanga, um antropólogo africano do Congo que desenvolveu uma pedagogia antirracista na Universidade de São Paulo (USP). Munanga se aproximou do movimento negro no Brasil e desenvolveu uma identidade profunda com a causa, trabalhando para combater o racismo contumaz vivido pela população negra.
Ao longo de 19 anos, a mostra refletiu a resistência do movimento negro e se destacou por sua personalidade única. Enquanto outras mostras de cinema se concentram apenas na exibição de filmes, a Micine é um projeto acadêmico e de inclusão que engloba outras linguagens, como a literatura negra e as experiências das minorias.
A gerente executiva de Cultura do Sesi-SP, Debora Viana, ressaltou a importância da instituição no apoio à educação e à cultura. Ela afirmou que o Sesi-SP se orgulha de abrir seus espaços para a Mostra Internacional do Cinema Negro pela segunda vez consecutiva, enfatizando a importância de iniciativas que visam à formação de novos públicos em artes e à expansão do acesso à cultura.
Neste contexto, a Micine tem um papel crucial ao incentivar a produção e a difusão de obras das mais variadas vertentes artísticas, contribuindo para a democratização do acesso à cultura e para a formação de uma sociedade mais inclusiva e consciente das questões raciais.