O Ministério Público do Estado da Bahia denunciou cinco pessoas suspeitas de participação no assassinato da líder quilombola e ialorixá Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete. Josevan Dionísio dos Santos, Marílio dos Santos, Ydney Carlos dos Santos de Jesus, Sérgio Ferreira de Jesus e Arielson da Conceição Santos foram denunciados por homicídio qualificado por motivo torpe, de forma cruel, com uso de arma de fogo e sem chance de defesa da vítima.
De acordo com informações do Ministério Público, quatro dos acusados seriam integrantes de uma facção criminosa de tráfico de drogas. O motivo do crime ainda não foi detalhado, mas o Ministério Público e a Polícia Civil vão conceder uma entrevista à imprensa para esclarecer os fatos.
Dos cinco denunciados, apenas dois deles já haviam sido presos anteriormente em setembro por suspeita de participação no crime. Dois estão foragidos, sendo um deles com quatro mandados de prisão em aberto, e o último teve o pedido de prisão preventiva deferido.
A líder quilombola, Bernadete Pacífico, foi assassinada com 22 tiros em sua casa, que funcionava como sede da associação do quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Grande Salvador. Conhecida por sua atuação na Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), Bernadete liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares e trabalhava há anos denunciando a violência contra a população quilombola e as tentativas de tomada das terras.
Após o assassinato de seu filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, em 2017, a luta contra os ataques a terreiros e assassinatos de lideranças religiosas de matriz africana se intensificou. Bernadete já havia recebido ameaças e fazia parte de um programa de proteção a defensores de direitos humanos do governo da Bahia. Câmeras foram instaladas em sua casa e no entorno, e policiais faziam visitas periódicas ao local, mas não havia uma vigilância constante.
A morte de Bernadete Pacífico instaurou um clima de medo entre os moradores da comunidade de Pitanga dos Palmares. A demarcação da área como terra de descendentes de quilombolas está em fase final de tramitação no governo federal.
Uma mulher forte e atuante, mãe Bernadete não só era porta-voz e representante das demandas políticas do quilombo, mas também exercia um papel de cuidado direto e pessoal com a comunidade. Sua morte é um grande golpe não só para os quilombolas, mas para todo o movimento social em defesa dos direitos humanos e da igualdade racial no Brasil. A necessidade de justiça para Bernadete Pacífico se torna urgente em meio à violência que assola as comunidades quilombolas e a luta pela preservação de suas tradições e terras.