De acordo com a Apro, essa prática ameaça a sustentabilidade dos negócios das produtoras audiovisuais brasileiras, uma vez que as agências de publicidade passam a oferecer esses serviços internamente, o que gera demissões e redução nas contratações das produtoras e dos trabalhadores do segmento.
Marianna Souza, presidente executiva da Apro, ressalta que essa prática começou a ser observada no pré-pandemia, entre 2018 e 2019, em mercados globais como nos Estados Unidos e em países da Europa, e agora está começando a ser reproduzida localmente. Segundo ela, nos Estados Unidos, a situação levou a investigações por fraude nos processos licitatórios das agências.
No Brasil, essa prática se intensificou nos últimos dois anos após a retomada econômica do setor devido à pandemia de Covid-19, quando grandes grupos da publicidade passaram a absorver essas demandas audiovisuais internamente, reduzindo a oferta de negócios para as produtoras.
Diante disso, a Apro cobra que os processos de concorrência feitos pelos anunciantes sejam mais transparentes na escolha dos prestadores de serviço. Além disso, a associação afirma que vai criar um grupo para avaliar melhorias no setor e colaborar com a Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap) para estudar as melhorias nas práticas do mercado.
Em resposta, a Abap afirmou que tem mantido diálogo com a Apro e pretende montar um grupo de trabalho multidisciplinar para estudar as melhorias nas práticas do mercado. Desde que assumiu a presidência da Abap no início de 2024, a presidente Márcia Esteves tem se reunido com empresários, executivos e entidades para debater fatores que impactam a economia criativa. A entidade também destacou que buscará a construção de um protocolo de referência para orientação do setor para produções audiovisuais.
Diante do cenário, a discussão sobre a prática de in-house agencies ganha importância e coloca em pauta a necessidade de transparência, ética e sustentabilidade no mercado audiovisual publicitário brasileiro.