Repórter São Paulo – SP – Brasil

Repetição de questão do Enem 2023 já havia sido utilizada em edição de 2010, levantando debate sobre escassez de itens.

No segundo dia de provas do Enem 2023, realizado no último domingo, uma questão chamou a atenção por já ter sido aplicada na edição de 2010. A pergunta envolvia a interpretação de um gráfico sobre os grupos mais expostos ao vírus da gripe A-H1N1 devido à baixa cobertura vacinal. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela prova, ainda não se manifestou sobre a possibilidade de anular a questão, uma vez que a elaboração do Enem pressupõe o uso de perguntas inéditas.

A questão em questão, de número 177 na prova amarela deste ano, já havia sido aplicada em 2010 na edição voltada para pessoas privadas de liberdade. A identificação da repetição dos itens foi feita por professores da SAS – Plataforma de Educação.

A escassez de questões no Banco Nacional de Itens (BNI), de onde são retiradas as questões do Enem, é uma questão alertada por servidores do Inep há anos. No ano passado, o órgão chegou a produzir um documento prevendo a possibilidade de utilizar itens de edições anteriores para compor o Enem 2022. A estratégia utilizada para contornar a falta de questões foi a reciclagem de itens usados em anos anteriores, com correções para torná-los adequados.

Cada item do Enem custa entre R$ 2.000 e R$ 3.000 para ser elaborado, pois passam por um processo extenso que envolve especialistas de cada área, revisores e pré-testes. Desde 2009, quando o Enem adquiriu o formato de vestibular, a dificuldade de produzir itens suficientes para compor a prova tem sido um desafio. Durante os primeiros anos do governo Bolsonaro, não foram produzidas novas questões para compor o BNI, o que agravou ainda mais o problema.

As falhas no processo de elaboração e seleção de questões para o Enem levantam questões sobre a qualidade e confiabilidade do exame, que é uma porta de entrada para milhares de estudantes que desejam ingressar no ensino superior. A recorrência de questões já aplicadas em edições anteriores compromete a credibilidade e a equidade do exame, o que exige atenção das autoridades responsáveis pela sua organização.

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