Repórter São Paulo – SP – Brasil

Banco do Brasil é acusado de envolvimento no comércio de escravos em século XIX, segundo estudo recebido pelo MPF

Uma das mais icônicas e antigas instituições públicas do Brasil, o Banco do Brasil (BB), está envolvido em uma investigação pelo Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro a respeito de possíveis práticas de comércio de negros escravizados no século XIX. No documento elaborado por 14 pesquisadores de universidades brasileiras e americanas, são detalhadas evidências de que o banco teve ligação direta com o tráfico de escravos, com destaque para a existência de vínculos entre traficantes e o capital investido diretamente em ações do BB.

Nas conclusões apresentadas no estudo, aponta-se que parte do capital que constituiu o maior banco do Império provavelmente era oriundo do tráfico e dos negócios da escravidão. Além disso, é destacado que acionistas e diretores da instituição financeira estavam diretamente vinculados à propriedade de escravos.

O Banco do Brasil terá um prazo de 15 dias úteis para se manifestar sobre as alegações apresentadas no estudo. Em seu posicionamento, a instituição declarou lamentar profundamente o ocorrido e reconheceu que a escravização teve efeitos duradouros na sociedade. Além disso, valorizou a colaboração e o trabalho dos historiadores, mantendo um arquivo histórico aberto ao público para pesquisas.

O estudo, que foi encaminhado ao BB, detalha que a instituição financeira valorizava o trabalho de historiadores e tinha em seu quadro acionista abolicionistas de destaque no cenário nacional, visando a busca da verdade histórica.

Por meio de um comunicado publicado em seu site oficial, a instituição também reforçou que, caso tenha ocorrido o envolvimento de capital obtido através de práticas escravagistas, isso deve ser recordado e discutido. O fato ressalta a magnitude da história brasileira e o impacto duradouro que a escravidão teve na sociedade.

O MPF se reuniu com setores da sociedade civil organizada para recolher sugestões para as possíveis reparação a serem oferecidas pelo banco à população afrodescendente. Para os especialistas, essa investigação é essencial para compreender certas situações atuais na sociedade. Eles defendem que a instituição deve reconhecer o erro cometido no passado e apresentar iniciativas de reparação. A história e o passado colaboram com o entendimento do presente e com a necessidade de políticas efetivas de reparação à população negra.

O estudo apresenta dados detalhados que evidenciam o envolvimento direto do Banco do Brasil no comércio de negros escravizados e o apoio ao tráfico, promovendo uma profunda revisão da história brasileira e provocando a reflexão sobre as implicações dessas práticas existirem até os dias atuais.

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