Falta de lideranças negras: desafio para empresas promoverem equidade racial

O debate sobre inclusão e equidade racial nas empresas tem sido cada vez mais frequente. No entanto, é preciso ir além do discurso e criar estratégias eficientes para promover a contratação, retenção e desenvolvimento de mulheres negras, que representam 29% da população brasileira, mas ocupam apenas 3% dos cargos de liderança.

Essa foi uma das conclusões do seminário Inclusão e Equidade Racial nas Empresas, realizado pela Folha com o patrocínio da Vale. Segundo dados do Censo Multissetorial de 2022 da Gestão Kairós, consultoria especializada em sustentabilidade e diversidade, as empresas precisam ir além do “diversity washing” e incorporar ferramentas de gestão da diversidade dentro do ambiente corporativo, como metas, indicadores e acompanhamento.

A coordenadora de produtividade de pessoas do Hospital Albert Einstein, Graziela Bonfim, teve uma experiência positiva ao participar do programa Sankofa, um grupo de formação de lideranças voltado para mulheres negras. No entanto, o relatório de sustentabilidade do Einstein mostrou que pessoas pretas e pardas representavam 42% dos colaboradores em 2022, ocupando principalmente funções técnicas ou operacionais, com apenas 4,3% em cargos de gerência ou coordenação.

Daniele Mattos, da consultoria Indique Uma Preta, defendeu uma mudança de mentalidade no processo seletivo, ressaltando a importância de valorizar o repertório de pessoas negras, oferecer oportunidades de formação e desenvolvimento, além de furar as bolhas em que circulam as melhores vagas, que muitas vezes estão restritas a círculos de faculdades e pós-graduações.

A coordenadora-geral de justiça racial e combate ao racismo do Ministério da Igualdade Racial, Kátia Evangelista Regis, destacou a importância de uma perspectiva da história que contemple o continente africano no processo formativo, e a necessidade de cooperações com o chamado Sul Global para combater o racismo de modo intersetorial e transversal.

Além disso, as participantes debateram a importância de pessoas brancas reconhecerem seus privilégios e assumirem a responsabilidade sobre eles. Segundo Mattos, a presença de pessoas brancas em uma organização pode contribuir para o racismo, e é preciso que assumam a responsabilidade sobre isso.

Portanto, é fundamental que as empresas promovam ações efetivas de inclusão e equidade racial, indo além do discurso e implementando práticas que promovam a valorização, retenção e desenvolvimento de mulheres negras, a fim de promover uma real transformação estrutural na sociedade e nas organizações.

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