Repórter São Paulo – SP – Brasil

Intelectuais brancos da elite paulistana sentem nojo ao serem confrontados com necessidade de pagamento por palestrante.

Intelectuais brancos da elite paulistana sentindo nojo de uma mulher por falar de dinheiro. Parece inacreditável, mas essa foi a experiência de uma escritora que foi convidada para ministrar palestras presenciais, dedicando seis horas de sua semana corrida para um público que não tinha dinheiro para contratá-la e não via problema em pedir que ela falasse gratuitamente sobre literatura.

Esse acontecimento gerou indignação na autora, que ressaltou a ironia de ser convidada por pessoas com investimentos em fundos multimercado, detentoras de mailing de endinheirados, mas que não ofereciam pagamento pelo seu trabalho. Ela não compreende como algumas pessoas acreditam que seu amor à literatura só pode ser verdadeiro se ela aceitar falar de graça. Para a autora, essa atitude é pura exploração, e ela ressalta que precisa pagar suas contas, assim como qualquer outra pessoa.

Além disso, ela destaca a recorrência de situações semelhantes em sua vida, com pessoas ricas sempre a procurando com a desculpa de que vão dar público e palco, mas sem oferecer nada em retorno. Ela questiona como é possível amar a cultura e, ao mesmo tempo, precisar de dinheiro, e porque ela seria vista como uma pessoa mesquinha por falar disso em voz alta.

A escritora também relatou a sua experiência em uma reunião com acadêmicos herdeiros que pareciam protegidos da “imundície do lucro” por terem estantes cheias de livros. Ela ressaltou que muitas vezes as redes sociais já lhe fornecem público e palco o suficiente e que é necessário trazer mais do que um simples mailing de contatos para a mesa.

Essa situação expõe a realidade de muitos artistas e profissionais da cultura que são constantemente convocados para eventos, palestras, ou qualquer outro tipo de atividade, mas sem receberem uma compensação financeira justa pelo seu trabalho. A autora mostra que é preciso repensar a forma como a cultura é valorizada, reconhecendo o valor do trabalho e esforço daqueles que a dedicam suas vidas a ela, e não apenas esperando que eles aceitem trabalhar de graça em nome do amor à literatura, ao cinema, ao teatro, ou às artes.

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