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Indústrias criam diversas marcas para driblar fiscalização e produzem condutores elétricos de baixa qualidade, denuncia CPI dos Furtos de Fios e Cabos

Indústrias que produzem condutores ruins driblam a fiscalização

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Furtos de Fios e Cabos está lidando com um problema grave: a má qualidade de condutores elétricos que chegam ao mercado. Estes condutores estão fora da especificação da norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR NM-280, onde 65% dos materiais se enquadram, o que pode causar incêndios.

Nesta quinta-feira (9/11) o secretário executivo e gerente técnico da Qualifio (Associação Brasileira pela Qualidade dos Fios e Cabos Elétricos), Maurício Santana, depôs aos vereadores sobre os produtos de baixa qualidade. Esses produtos deixam lares, hospitais, escolas e outras edificações sob o risco de curto-circuito, além de desperdiçar energia, o que torna a conta mais cara.

Os condutores elétricos que não obedecem a norma técnica e com pouco cobre são designados como desbitolados pela Qualifio. Além disso, a baixa qualidade do PVC, que derrete facilmente com o aquecimento, também é um problema alarmante.

A Qualifio, entidade sem fins lucrativos com 30 anos de existência, identifica as marcas e os fabricantes que atuam de maneira ilegítima no mercado de fios e cabos elétricos. Para isso, a entidade recolhe amostras de qualquer marca, associada ou não, em lojas de todos os portes. As amostras são identificadas, registradas e depois submetidas a ensaios técnicos no laboratório da Qualifio em Santo André.

Segundo Maurício, entre 2014 e 2022, a Qualifio fez ensaios técnicos com 6.014 amostras, das quais 2.190 (36%) estavam em conformidade e 3.821 (64%) não conformes. Isso é preocupante, já que o valor médio da sonegação de cobre no produto é de 33%.

Uma das características de indústrias fabricantes de materiais desbitolados é a criação de diversas marcas para driblar a fiscalização. Isso acontece porque se uma marca for denunciada, as demais ainda estarão à venda.

Como forma de lidar com esse problema, a CPI pretende visitar o laboratório da Qualifio em Santo André. O presidente do colegiado, vereador Aurélio Nomura (PSDB), destacou a importância dessa visita, assim como o relator, vereador Coronel Salles (PSD), que concorda com a ideia de modificar o texto de editais para garantir mais segurança em edificações públicas.

Além disso, quatro requerimentos foram aprovados na reunião, incluindo a solicitação do relatório do inquérito policial presidido pelo delegado titular da 36ª DP da Vila Mariana, que apurou a morte do dramaturgo José Celso Martinez Corrêa.

A luta contra a má qualidade dos condutores elétricos é um desafio que exige esforços conjuntos para garantir a segurança das edificações e a vida das pessoas. A CPI dos Furtos de Fios e Cabos está empenhada em buscar alternativas para coibir essa prática ilegal e garantir a qualidade dos materiais elétricos que chegam ao mercado.

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