Gestão de Ricardo Nunes e Polícia Militar divergem sobre estratégia para cracolândia no Bom Retiro, em São Paulo.

A gestão do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, e a Polícia Militar entraram em divergência quanto à nova estratégia de realocar a cracolândia para a rua Mauá, no entorno da estação da Luz, do Bom Retiro. Segundo informações fornecidas pela administração municipal, a ideia de transferir os grupos de dependentes químicos partiu do prefeito, que escolheu o local em conjunto com a secretária de Segurança Urbana, Elza Paulina.

Essa movimentação foi realizada após diversos episódios de violência e arrombamentos de lojas na região da Santa Ifigênia, onde a cracolândia tem se alternado entre as ruas dos Gusmões e Protestantes nos últimos quatro meses. Esse cenário tem sido apontado como um ponto sensível na campanha de reeleição de Nunes.

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Entretanto, oficiais da PM e agentes da GCM que atuam na cracolândia discordam dessa estratégia, argumentando que a medida poderá apenas dispersar ainda mais os dependentes químicos pela região central da cidade. As forças de segurança acreditam que é necessário controlar o fluxo de usuários de drogas em um perímetro delimitado para facilitar o trabalho das equipes de saúde e o controle da entrada de crack.

Apesar das tentativas de realocar a cracolândia para a rua Mauá, vídeos gravados por moradores mostraram a rua vazia, sem nenhum usuário na tarde desta quinta-feira. A gestão de Nunes informou que a movimentação dos usuários de drogas pela cidade acontece de forma espontânea, argumentando que a administração não comentou sobre as divergências com as forças de segurança. Já a Secretaria de Segurança Pública do governo Tarcísio de Freitas não respondeu à solicitação da reportagem até o momento da publicação do texto.

A tentativa de movimentação gerou revolta entre os moradores e comerciantes do Bom Retiro, que elaboraram uma nota de repúdio contra a permanência da cracolândia na rua Mauá. Segundo Saul Nahmias, presidente do Conseg Bom Retiro, a rua é o principal caminho para quem sai da rua José Paulino em direção à estação Luz do metrô, representando um grande risco para as funcionárias das lojas, que são em sua maioria mulheres.

Além disso, um grupo de moradores realizou um protesto na rua Mauá, criticando a movimentação dos usuários e pedindo uma solução para a situação da cracolândia na região. Em julho deste ano, a gestão Tarcísio já havia tentado transferir a cracolândia para o Bom Retiro, no entanto, a estratégia não obteve sucesso, com os dependentes retornando para a Santa Ifigênia menos de 24 horas após a realocação.

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