Estudos mais recentes mostram que o cérebro integra informações sensoriais de forma a criar uma experiência consciente unificada. Nossa capacidade de interpretar e compreender sons e movimentos labiais está profundamente ligada à nossa memória e às experiências prévias. No entanto, quando ocorre uma incongruência entre estímulos síncronos, o cérebro cria uma impressão que melhor atenda à soma das duas percepções sem nos darmos conta da inconsistência. Essa fusão de estímulos em um mapa mental previamente construído é o que nos permite interagir de forma ordenada com o mundo ao nosso redor.
Além disso, o efeito McGurk parece ser blindado à cognição, já que persiste mesmo depois de alertadas as pessoas sobre a discrepância entre o que veem e o que ouvem. No entanto, estudos demonstram que o efeito perde sua força se a atenção visual é atenuada, sugerindo que fechar os olhos pode ser um bom recurso para ouvir de forma mais fidedigna.
E se o assunto é erro de percepção, a armadilha cognitiva se estende para além do efeito McGurk. Um exemplo disso é a desconfiança em relação aos interesses da indústria farmacêutica em vender remédios, que muitas vezes gera estigmas e ideias equivocadas sobre o uso de determinados medicamentos. A mensagem final é de que é melhor não acreditar em tudo o que ouvimos e questionar as nossas conclusões para evitar cair em armadilhas cognitivas.